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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Capítulo XIX ..::O Chamado ao Chá::..



Edgard dormia, mesmo assim estava com a lanterna e as pilhas no bolso do pijama e o estilete guardado na meia de seu pé direito. Estava uma noite chuvosa e hora ou outra ele acordava com as fortes trovoadas.
Algo no ar dizia a ele que aquela seria a noite do chá. Sua desconfiança aumentou quando Jeanine apareceu na porta de seu quarto.
- Posso dormir aqui com você? – ela pediu. – Estou morrendo de medo, tem algo de errado no ar – disse, como uma criança que pede para dormir com seus pais em noites chuvosas.
- Claro, claro. Eu também estou com um mau pressentimento.
- Você acha que hoje vamos ser chamados para o chá? – a garota questionou.
- Estou começando a acreditar que sim – ele contou.
Jeanine se aproximou e se aconchegou entre os cobertores do irmão. Logo ambos estavam dormindo. Edgard acordou algum tempo depois, após um pesadelo. Algumas pessoas acordam de pesadelos, mas nem lembram os que as assustou tanto durante sonho, não era o caso de Edgard.
Enquanto dormia, ele viu Carol andando por um tabuleiro de xadrez gigante. As peças se moviam rapidamente e ela desviava com muito pesar, pois uma estranha, forte e densa neblina pairava aquele lugar. Edgard gritou ao longe, mas a garota pareceu não escutar. Um raio cortou o céu, mas o trovão não fez seu estrondo de costume, mas sim uma voz aguda que gritava: “Cortem-lhe a cabeça!”.
Foi nesse momento que o garoto se viu de olhos abertos encarando o coelho branco na porta entreaberta de seu quarto.
- Jeanine? – chamou. – Jeanine, o coelho está aqui.
Ela abriu os olhos lentamente e abafou um gritinho com a mão.
- Acho que vocês já sabem, certo? É hora de me seguir e não há como evitar – o coelho ameaçou. – ou vocês vêm por bem, ou vão por mal.
Os irmãos levantaram-se lentamente e foram seguindo o coelho para fora da casa. Não estava mais chovendo, no lugar da chuva havia um estranho nevoeiro noturno que os dificultava a visão do caminho.
- Será que os outros já foram chamados? – Jeanine questionou baixinho para o garoto.
- Não sei – ele cochichou de volta.
- Sim. Os outros já estão lá embaixo de minha toca esperando por vocês.
- Na fortaleza das portas? – Edgard questionou.
- Sim – o animal respondeu seco.
Jeanine assombrava-se pela lembrança do coelho branco pulando em sua direção com a tesoura, pronto para encerrar com sua vida. Por isso ela permanecia atrás de seu irmão, sem largar as mãos de seus ombros.
Logo estavam na praça e Edgard avistou a árvore com a toca entre as raízes. O coelho entrou sem pestanejar, e os irmãos seguiram-no.
- Fique calma Jê, vai dar tudo certo, tudo certo – ele disse á garota, que estava com os olhos marejados com o medo.
- Ta.
- Você escorrega primeiro.
Jeanine aproximou-se da toca, com as mãos e as pernas trêmulas. Colocou as pernas para dentro das raízes e escorregou pelo buraco. Edgard fez o mesmo, porém com maior rapidez, pois se lembrava bem dos armários de geléia caindo atrás de si.
Caíram por longos minutos, que pareciam ainda maiores com a ansiedade da queda.
Ele caiu entre as folhas secas e lá ficou atordoado por pouquíssimos segundos. Levantou-se ainda com a cabeça girante e se atirou no corredor, sendo iluminado por diversas lanternas.
- Você está bem? – Emily acudiu.
- Sim. Estou.
- Então está na hora do chá – o coelho disse. – Sigam-me – chamou.



..::Continua::..

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Capítulo XVIII ..::Preparativos Para o Chá::..



Jeanine encarava Robert durante a aula. Ás vezes ele olhava para ela com olhos negros como a noite, e mexia seu nariz estranhamente. Ela sabia que era o coelho branco a investigando e também sabia que ele estava ciente disso. E assim ficaram também durante o intervalo, sem sair da sala de aula.
Estavam no meio da aula quando Jeanine foi acertada com uma bola de papel. Ela olhou para o local de onde a bola veio, e assim viu Robert fitando-a com olhos rubros.
- Robert? – não se conteve em dizer baixinho.
Ela pegou o papel amassado e o abriu sem retirar os olhos do amigo. No papel havia uma mensagem que pela letra, aparentava ter sido escrita rapidamente.

“Jeanine, a hora do chá de vocês com a rainha está chegando. Comecem a andar com lanternas, pois podem precisar correr na floresta escura. Ela pode convocá-los a qualquer instante.”

Estavam todos reunidos na casa de Edgard e Jeanine. Ela retirou o papel amassado do meio de um de seus livros e o entregou para Emily, que leu em voz alta para todos.
- Ok. Então precisamos andar com lanternas – Carol falou. – Um dia vi umas lanternas portáteis em uma loja. Elas utilizam apenas uma pilha comum e duram bastante tempo, sem contar que iluminam bem e são pequenas.
- É, é uma boa. Então vamos para a loja amanhã, e todos vão andar com um pacote de oito pilhas cada, pois não sabemos ainda o quanto precisaremos delas. De acordo? – Amy disse.
Os jovens concordaram com a cabeça.
- Estou com muito medo desse chá – Jeanine contou.
- Escuta, eu vou procurar algum tipo de arma também! Vou proteger vocês – Edgard disse, dando um beijo na cabeça da irmã.
Todos se entreolharam, ansiosos e amedrontados.

Á tarde do dia seguinte passaram na loja comprar quatro lanternas e cinco pacotes de pilhas, um deles era para testes.
A luz não era ta forte quanto a de lanternas grandes, mas iluminava bem e compensava pela facilidade de baterias e em carregar.
Nenhum dos quatro se concentrava durante as aulas. Carol e Edgard estavam com problemas, pois se envergonhavam quando se encontravam pelos corredores.
O garoto passou a carregar conssigo um estilete, em um fundo falso do bolso de sua jaqueta, pois temia ser pego pelos professores com o objeto, que era proibido de ser carregado em diversos ambientes tal como a própria escola.
Vezes Emily se pegava a olhar para o relógio, e nestes momentos o mesmo parecia parar de funcionar. Ficava tempos e mais tempos – que pareciam nunca terminar para ela – pensando no país das maravilhas e imaginando o que poderia estar materializando ele.
Os jovens apenas aguardavam o dia do chá, pois nele talvez conseguissem alguma resposta ou alguma pista que levasse ao motivo do que estava a acontecer.


..::Continua::..

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Capítulo XVII ..::Os Cogumelos Do Desejo::..


Após dizer isso, a lagarta se afastou, levando conssigo o fedor e parte da fumaça. Os jovens retornaram a andar, todos em silencio, raciocinando sobre o que a criatura falou.
- Será que o Robert é um dos oito? – Jeanine indagou.
- Acho que não. Ele deve ser somente um avatar do coelho branco para nosso mundo. Então já achamos cinco – Emily explicou.
Edgard fez uma careta de dúvida.
- Cinco? – Questionou. – De onde vocês tiraram esse um além de nós?
- A menina que eu vi, certo? – Carol disse.
- Ah, entendi.
- Não acredito que todos somos Alice – Jeanine permitiu-se dizer, com o olhar voltado para o infinito.
- Ok. Já sabemos o bastante, é hora de voltar para a casa. Logo, logo seremos chamados para o chá da rainha, e não vamos nos esquecer do que o Robert disse, não podemos beber... Agora que a lagarta disse que a rainha não gosta de intrusos em seu reino, faz mais sentido – Amy falou, puxando seu espelho pronta para toca-lo.
- Gente, o que é aquilo? - Caroline apontou, ao longe.
Um grupo de cogumelos de textura meio transparente brilhavam entre a neblina.
- Isso estava aqui antes? - Edgard perguntou.
Emily olhou para todos, que estavam encarando os estranhos fungos curiosos, até que, enfim disse:
- Não. Vamos lá ver o que é?
- Vamos. Caso algo aconteça temos nossos espelhos – Carol argumentou.
Começaram a descer na direção das luzes. Logo chegaram aos cogumelos brilhantes.
Os jovens estavam maravilhados com a visão. Cada um dos fungos possuía duas ou mais cores. O cheiro que exaltava deles era diferente do cheiro dos outros. Estes pareciam com um perfume doce parecido com um aroma de alguma flor.
Após algum tempo admirando tudo aquilo, Emily observou um sorriso no ar que a encarava.
- Gato?
- Sim. Vocês precisam sair desse lugar, agora! Ou então começarão a revelar tudo o que mais desejam, e certas coisas, até mesma a pessoa mais correta do mundo não revelaria de sua mente – a cabeça da criatura que flutuava próxima á um cogumelo azul e vermelho explicou.
Amy virou-se com seu espelho em mãos, segurando a haste firmemente. Ela já estava com seus lábios contraídos para dizer a todos que tocassem seus respectivos espelhos, quando parou, estática e boquiaberta.
Edgard e Carol se beijavam apaixonadamente, deixando-a sem reação. A garota começou a procurar Jeanine com seu olhar, e logo viu que a mesma também encarava o casal, espantada.
- Precisamos tocar nossos espelhos! AGORA! – Berrou.
Os dois abriram os olhos e notaram que estavam sendo observados. Seus lábios se afastaram, e a feição de ambos ficou corada.
- No três. Um. Dois. Três – Amy gritou, tocando seu espelho logo em seguida.
Um a um, os jovens foram acordando no quarto de Caroline.
- O que foi aquilo? – Jeanine começou a se indagar com a voz sonolenta.
Edgard levantou-se bruscamente e começou a andar em passos apressados na direção da rua, enquanto Carol continuou deitada, envergonhada e amedrontada.
- Isso não estava no livro original de Lewis! – Emily disse. – Nessa tal “concretização” do País das Maravilhas que a Lagarta falou deve ter algo mais, pois este local não existia na história!
- Talvez muitos ambientes desse País das Maravilhas sejam novos – Jeanine disse, ainda boquiaberta.
- Então não temos alguma peça do quebra cabeça! Está faltando alguma informação, algum detalhe!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Capítulo XVI ..::A Lagarta::..


Estavam todos assustados. Logo o grande corpo rastejante começou a se aproximar, e dois dos cogumelos paralelos ao que se encontravam, se moveram.
- O que desejam? – uma forte voz rouca questionou, em meio a tossidas.
- Você é a lagarta? – Emily perguntou.
- Sim. O que deseja de mim, senhorita?
- Quero uma troca. Eu quero informações e pago-as com este charuto! – gritou na direção dos cogumelos.
- Interessante... Jogue o charuto o mais alto e o mais longe que puder – a lagarta disse, ainda escondida entre os fungos e a fumaça.
Emily virou-se para Jeanine com a mão aberta e estendida. A outra garota retirou o presente de seu bolso e o entregou. Após receber o objeto, Amy jogou o braço para trás e depois arremessou o charuto com toda força que possuía.
Uma semi-esquelética mão gigante levantou-se em meio á fumaça e agarrou o projétil.
- Um presente delicioso, sim, sim. Responderei o que querem! Este charuto vale quatro perguntas...
Emily retirou de seu bolso um papel de caderno amassado e o abriu com cuidado. Lá estava a lista de perguntas que fizera.
- Primeiro – leu. – O que corrompeu o País das Maravilhas?
A lagarta riu secamente, levantando mais fumaça.
- Mas que tipo de pergunta é essa? Parece que fazem perder meu tempo! Ora, a resposta é simples, apenas aquele que criou algo, ou que conhece esse algo bem demais o pode destruir! O leigo não foi, pode ter certeza, pois não conhece as bases que pode chutar para derrubar a pirâmide!
Todos se entreolharam, indagando uns aos outros em silêncio, enquanto Amy prosseguia com o interrogatório:
- Como podemos concertar o País das Maravilhas?
A lagarta riu novamente.
- Você não está levando á sério, não é? Eu moro aqui, se soubesse essa resposta, não deixaria minha casa a bagunça que está! Mais uma pergunta idiota como essa, e não lhe respondo mais alguma!
Emily estava com medo. Suas mãos tremiam e suas pernas estavam fraquejando. Os outros também estavam na expectativa.
- Alice é real? – balbuciou, aos gaguejos.
- Enfim uma questão inteligente! Sim, todos vocês são Alice – os jovens entraram em espanto com a afirmação. – Como já devem saber a Alice, do livro, foi baseada em uma garota real, Liddell. Como a história foi registrada e muitos passaram a amar Alice e a adorar suas aventuras, ela criou um espírito, e Liddell fazia parte desse espírito, afinal a personagem foi baseada nela. Quando Liddell morreu, o espírito de Alice fraquejou, e se fragmentou em diversas partes. De alguma forma, essas partes se tornaram matéria e agora, cada um de vocês possui um fragmento do que foi Alice.
Estavam todos boquiabertos com a revelação.
- O país das maravilhas não é mais um simples sonho, de algum jeito ele está se materializando, por isso vocês estão aqui. E como o meu presente foi muito bom – a lagarta continuou – e a pergunta foi muito divertida de ser respondida, devo avisar uma coisa a vocês: A rainha de copas não gosta de intrusos em seu mundo, tampouco sua irmã, a rainha branca, portanto, a presença de vocês não as agrada, muito menos a presença dos que não são um dos fragmentos de Alice, os que não tem a marca.
- Mas, todos nós temos os olhos vermelhos. Existe mais alguém que está entrando aqui? – Emily questionou, em impulso.
- Sim existe. E intrusos sem a marca estão entrando.
Emily pensou imediatamente em Edgard, porém percebeu que a lagarta não poderia estar falando dele, pois mesmo quando ele entrou de intruso, já carregava um dos fragmentos de Alice dentro de si.
Os fungos voltaram a se mexer. Duas mãos gigantes, de longos dedos finos se levantaram entre a fumaça e apoiaram-se no cogumelo em que os jovens estavam. Um estranho corpo de lagarta ergueu-se, mas sua cabeça estava protegida por um osso de crânio humano, onde faltavam alguns dentes e os escuros olhos do inseto vazavam pelos dois buracos dos olhos e do nariz. Conforme a criatura falava, fumaça saia do crânio que a revestia.
- Eu dou a vocês o direito de apenas mais uma pergunta – disse.
- Quantos fragmentos existem?
- Oito.


..::Continua::..

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Capítulo XV ..::Enganando o Coelho Enganador::..


- Estou aqui para avisar vocês de uma coisa – o coelho disse.
- O que houve, então? – Emily perguntou.
- O charuto não é o presente ideal. Eu estava enganado! – ele explicou.
- Ah, essa não... Como vamos fazer agora? – Edgard questionou quase que ironicamente.
O coelho branco começou a se aproximar dos jovens, que estavam cada vez mais tensos com a presença do animal.
- Veja, eu trouxe o que a lagarta vai realmente querer – o falso Robert falou, mostrando um belíssimo leque vermelho e branco em suas mãos.
Jeanine começou a pensar. As engrenagens de seu cérebro giravam enlouquecidamente pensando em alguma maneira de enganar o coelho.
- E se déssemos os dois presentes? A lagarta ficaria mais feliz e poderia nos responder mais perguntas – enfim disse.
- Um só presente é suficiente, garota – o coelho falou.
- Mas eu acho, pelo perfil da lagarta nos livros do Lewis, que ela vai gostar muito mais do charuto – Emily explicou. – Vamos por votos! Eu voto no charuto!
A fofa criaturinha centrou seus olhinhos vermelhos na jovem que acabara de falar, com feições de raiva.
- O leque é muito mais bonito. É o presente ideal! – o animal argumentou.
- Não, não é! – Carol falou quase aos gritos, nervosa. – O charuto é mais caro. Vale mais.
Os olhos do coelho cerraram. Ele parecia estar esgotando a paciência com os garotos.
- Não confiam mais em seu amigo? – a criatura questionou.
Todos ficaram calados por alguns instantes. A respiração do coelho começou a ofegar.
- Quer saber? Me passa esse charuto agora! – o animal gritou com todas suas forças, fazendo um estranho movimento rápido com o leque que carregava em mãos, transformando-o em uma tesoura com as mesmas cores.
Amy se afastou, ouvindo o ecoante grito de Caroline. O coelho saltou, empunhando a tesoura, na direção de Jeanine. Edgard soltou um berro de pavor. Todos fecharam os olhos.
Um som de farfalhar de asas iniciou junto á um vento. Abriram os olhos. O coelho estava no ar, sendo levado pelo grifo, enquanto machucava as patas do mesmo com suas lâminas.
- Sigam para o norte! A lagarta está ao norte – a ave gritou, pouco antes de sumir pelo céu.
Aliviados, os jovens suspiraram. Jeanine caiu no choro, sendo abraçada por Emily.
- Vamos lá, estamos todos inteiros. Hora de procurar a lagarta – Edgard disse. Caroline concordou com um aceno da cabeça.
Olhando para o estranho sol branco que brilhava no céu, definiram onde era o norte, e assim rumaram para lá.
Já estavam andando há bastante tempo quando o ambiente começou a escurecer e a enevoar. Os sons dos insetos aumentavam conforme adentravam a floresta de cogumelos, até que Emily notou que não paravam mais de subir.
- Pessoal, não é estranha essa sensação que estamos subindo e subindo? – disse.
- Sim. Mas tudo aqui é estranho. Nada é o que seria, e tudo é diferente do que devia ser, esqueceu? – Carol explicou, olhando para os olhos de Edgard.
A névoa que os cercava já começara a ser malcheirosa, o que fez com que os jovens percebessem que estavam próximos á lagarta.
Após algum tempo, um pouco da fumaça se dissipou e puderam ver que estavam na cabeça de um cogumelo de manchas vermelhas gigantesco. Olharam para o horizonte, onde havia mais e mais fungos, e entre eles começou a surgir um enorme corpo comprido, que se movia por arrastar-se pelo chão.




..::Continua::..

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Capítulo XIV ..::A Floresta dos Fungos::..



Jeanine entrou na casa de Caroline. Todos os outros a estavam aguardando nervosos na cozinha. Emily estava com as pernas inquietas de preocupação, enquanto Edgard bufava de tempo em tempo.
- Eu chequei meus e-mails hoje de manhã para ver se Robert deixou alguma coisa para a gente – a garota recém chegada disse.
- E o que ele escreveu? – Amy questionou, sem olhar para os olhos de Jeanine.
- Ele escreveu dizendo boa sorte. E também nos lembrando de não esquecer o charuto em hipótese alguma.
- Tá. Você trouxe ele? – Emily perguntou, levantando-se da cadeira.
A garota retirou a mochila das costas e tirou de lá o espelho e o charuto.
- Vamos? – disse.
- Vamos – concordaram.
Foram todos ao quarto da anfitriã. Jeanine colocou o presente em seu bolso. Respiraram fundo. Tocaram os espelhos.
Após fazerem isso, olharam uns ás feições dos outros. Continuavam no quarto.
- O que aconteceu? Porque não deu certo? – Edgard perguntou.
Carol andou até a porta e a abriu.
- Ah, deu certo sim. Olhem só – falou, apontando para fora.
Emily andou até lá e saiu pela porta. Estava na floresta de cogumelos e fungos.
- Nossa! Esse lugar é incrível! – a garota não se conteve em dizer, admirada com tudo.
No lugar de árvores, a floresta continha cogumelos gigantes, de dois a três, quatro ou até cinco metros de altura. Havia também o cricrilar dos grilos e o cantar das cigarras. Pequenas luzes flutuantes – que Amy julgou serem vaga-lumes de inicio, mas logo viu que nem piscavam – pairavam o ar.
A garota passou a mão por uma das luzes, o que deixou nela uma espécie de pólen dourado.
- Magnífico.
- Tá. Lindo, maravilhoso. Agora, como vamos encontrar a lagarta? – Edgard disse.
Jeanine estava olhando ao seu redor, mas parou em um local, onde um coelho branco a olhava enquanto um sorriso flutuava ao seu lado.
- Oi? – disse, fazendo os outros jovens olharem na mesma direção.
- Jeanine? Sou eu... O Robert! – o coelho falou.
- Robert!
Havia algo sobre estes jovens que ninguém no país das maravilhas, exceto pelo gato, dono do sorriso que estava radiante no ar, sabiam. Jovens da idade de Emily, Edgard, Caroline e Jeanine, geralmente têm o costume de se comunicar durante provas sem que o professor saiba, portanto conseguiam ler lábios com certa facilidade. Foi mais fácil ainda, pois decodificar um grande sorriso dizer “Não é o Robert!”, não é a mesma coisa que ver seu colega de classe gesticulando “mitocôndrias, citoplasma e ribossomos”.
Ao entender a mensagem do sorriso, que desapareceu logo em seguida, ficaram todos sérios.
- Robert! Porque você está aqui? – Jeanine questionou.
O celular de Jeanine tocou e ela checou o que era. Era um aviso que havia recebido uma mensagem. Era do número de Robert. Dizia: Cuidado! Ele é mais perigoso que parece. Leu os e-mails!
A garota passou o celular para Emily, que após ler, o deixou disfarçadamente no bolso de Edgard, que o passou para Carol disfarçadamente.


..::Continua::..

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Capítulo XIII ..::O Que Carol Viu::..


Caroline acabara de sair da escola. Ela iria limpar seu quarto e arrumar sua casa, pois no dia seguinte iriam até lá para entrar e conversar com a temida lagarta azul.
Despediu-se de Emily e Edgard em frente á escola e começou a andar quadra abaixo. Estava tão distraída em seus pensamentos que nem percebeu que seu fichário estava escorregando por seu braço. Mais alguns passos e o objeto caiu ao chão, fazendo-a quase derrubar uma pasta amarela que carregava junto.
A garota assustou-se e voltou a si, abandonando os pensamentos para abaixar-se pegar o fichário. Ela dobrou os joelhos e inclinou-se, esticando os braços até recolhê-lo.
Alguém se aproximou. Ela encarava dois pés com sapatos pretos bem engraxados e meias brancas. Foi subindo o olhar, observando o vestido azul que a garotinha usava. Era uma menina de aparentemente oito anos, de longos cabelos loiros ondulados que a encarava com olhos de íris vermelha.
Carol abafou um grito. A criança olhava para ela com um sorriso largo e mãos para trás, mexendo-se de lado a outro, como se dançasse.
- Quem é você? – Carol conseguiu gaguejar.
A menina deu um risinho agudo e começou a correr. Caroline agarrou o fichário prontamente e começou a correr atrás dela. Desceram duas quadras e a garotinha virou a esquina.
Carol tentava não tirar os olhos da criança, e a seguia ignorando as pessoas pela rua. Continuaram correndo até que a garota perdeu a menina de vista, desacelerando com a respiração ofegante.
Após descansar, ela olhou á sua volta e viu que estava próxima á uma igreja abandonada. Ao observar os arbustos no jardim da mesma, viu olhinhos vermelhos que a observavam.
Voltou a correr e a menina saiu de seu esconderijo e entrou pela porta, deixando-a entreaberta. Carol logo pulou a grade de metal e subiu de dois em dois degraus as escadaria de cimento rachada. Entrou.
Estava frio, escuro e silencioso lá dentro. A única luz que entrava vinha de uma das janelas com a vidraria quebrada e iluminava apenas o altar á frente.
- Você é Alice? Alice Liddell? – a garota gritou.
- Sim eu sou. E você também é – ouviu.
Caroline começou a andar na direção do som, mas tropeçou em algo. Como sua visão já havia se acostumado com o escuro, ela pôde observar que era um pedaço do teto. Olhou para cima e viu o telhado da construção.
- O que? O que você quer dizer com isso? – perguntou.
A menina apareceu na clareira.
- Você logo vai descobrir – disse aos risos com sua fina voz.
A criança saiu da clareira. Carol ouviu passos apressados e depois ficou sozinha na quietude. Saiu pelo mesmo local que veio e voltou pelo mesmo caminho, recolhendo sua pasta amarela do jardim da igreja em ruínas e o fichário da rua, os quais ela nem percebeu ter derrubado no calor da perseguição.
Assim como haviam combinado, ela pegou o celular e enviou uma mensagem á cada um dos outros dizendo: “Vi algo sinistro. Pista quente. Precisamos nos ver. Minha casa, hoje ás duas horas.”.

Era uma e meia quando Jeanine e Edgard chegaram. Emily chegou quinze minutos depois, estavam todos na sala e Carol apareceu com duas tigelas de pipoca e copos de refrigerante.
- Gente. Eu vi Alice! – disse, chocando á todos.
- Como assim? – Jeanine questionou, surpresa.
A garota contava tudo o que lhe acontecera nos mínimos detalhes, sem esquecer-se de nada, observando a reação pasma dos outros jovens.
- O que será que ela quis dizer? – Emily se perguntou.
- A lagarta deve saber – Edgard afirmou.
- Talvez – Caroline concordou. – Vamos descobrir amanhã.
- Vou adicionar isso na lista de perguntas quando chegar em casa – Emily afirmou.




..::Continua::..

sábado, 3 de outubro de 2009

Capítulo XII ..::A Descoberta que Fizeram::..



Jeanine estava sentada em sua carteira fingindo ler um livro. Ela estava tão nervosa que mal conseguia distinguir as letras impressas. Robert estava lá na classe encarando-a, mas ela não conseguia olhar para o rosto dele.
Ficaram diversas aulas daquele jeito, assim como fora aquela semana toda, até que o sinal para o intervalo soou por toda a escola.
O garoto se levantou de sua carteira fazendo bastante barulho. Ele foi se aproximando de Jeanine, que pareceu ter um lapso de nervoso ao notá-lo vindo em sua direção.
- Jeanine. Eu preciso te contar uma coisa enquanto ainda sou eu – ele disse. – Olhe para mim. Olhe para meus olhos.
Ela levantou a face lentamente, e quando fitou o garoto na íris se espantou. Eram vermelhas como as suas. A respiração dela se tornou ofegante.
- Fique calma. Fique calma.
- Você também entrou? Você tem um espelho? – ela perguntou, como se as palavras escorregassem boca a fora.
- Não. Pior que isso. Eu sou o coelho branco – ele sussurrou.
A frase teve o efeito sobre Jeanine igual ao que um soco teria. A boca da garota abriu em exclamação.
- O que? O que? Eu... – ela gaguejou.
- Escute. Quando entramos no país das maravilhas, nós baixamos em “nós mesmos” daquela dimensão. O meu eu do país das maravilhas é o coelho branco e assim como posso ir até lá, ele pode vir até aqui através de mim – ele contou, o que a deixou mais surpresa. – O mais longe que pude descobrir foi que a rainha quer dar um chá, mas vocês não podem bebê-lo e vocês não podem confiar em ninguém além do gato.
- Que? – ela o interrompeu.
- Não fale, apenas escute. O gato me contou que vocês vão conversar com a lagarta e descobri que ela não trabalha nem para a rainha, nem para vocês. Ela está do lado de quem pagar melhor. Leve isso para ela – o garoto disse, colocando sua mão no bolso e tirando dela um charuto, que colocou em cima da carteira da jovem. – Não confie em mim, apenas em meus e-mails, porque quando o coelho assume, ele não sabe de tecnologia.
- Mas porque o coelho viria para cá e deixaria você assumi-lo lá? – Jeanine questionou.
- Para investigar... Ai! – Robert gemeu. – Ele está voltando. Tenha cuidado!
A garota levantou-se e agarrou o charuto mais que depressa. Ela abriu a bolsa e o jogou lá dentro. Quando se virou novamente viu que seu colega a encarava estranhamente com a íris negra.
- Jeanine... Jeanine.
- Robert – ela gaguejou.
Ele voltou á sua carteira sem tirar os olhos dela.

Caroline e Emily esperavam na biblioteca juntas á Edgard, que lia um exemplar de “Alice no País das Maravilhas” enquanto ambas estavam nas últimas páginas de “Alice Através do Espelho”. Jeanine entrou no local e começou a olhar por toda parte procurando por eles, e quando os encontrou nas confortáveis poltronas perto das janelas, andou apressadamente em sua direção.
- Que bom que receberam meu recado – sussurrou.
Os três abaixaram os livros ao colo.
- O que aconteceu? – Emily questionou.
- O Robert veio conversar comigo. Ele também tem os olhos vermelhos! – a garota disse, fazendo com que todos arregalassem os olhos de surpresa. – E lembra daquele site que a gente viu Amy? Que quando sonhamos nos desligamos desse mundo e nos conectamos em outros “nós” em outro mundo?
- Sim, lembro – a jovem confirmou.
- O outro Robert no país das maravilhas é o coelho branco. Ele não está do nosso lado, ele trabalha para a rainha e vem neste mundo para nos investigar.
- Como?! – Carol perguntou, mais soando como uma exclamação.
- Sim, sim – Jeanine falou, abaixando seu tom de voz. – Ele disse que faz investigações por lá, disse que durante o chá, não podemos beber nada e que para conversar com a lagarta a gente deve dar isso á ela – a garota explicou, retirando o charuto da mochila.
Os três sentados nas poltronas estavam boquiabertos.
Logo que a garota explicara que Robert poderia se comunicar com eles através de e-mails, subiram ao segundo andar da biblioteca, onde tinham acesso á internet e lá entraram na caixa eletrônica dela. Enquanto a página carregava, ficaram todos ansiosos e agitados.
- Olhem! Tem uma mensagem dele! – Jeanine disse, quase aos gritos.
Abriram a mensagem, que não nomeava assunto, contendo apenas uma frase.
“Quebrem o espelho do coelho.”
- Céus! – Emily deixou-se dizer involuntariamente.


..::Continua::..

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Capítulo XI ..::Edgard Entra::..

Edgard estava deitado em sua cama, mas não dormia, olhava para o teto, pensando em tudo que estava acontecendo ultimamente.
O garoto ouviu um barulho repentino na porta de seu quarto e se assustou. Ele afastou as cobertas para poder olhar e viu que um coelho branco, de colete e luvas vermelhas, o observava.
- Venha, venha. Você não pode entrar por este lugar! – o coelho falou.
Edgard levantou-se mais que depressa e começou a seguir o coelho. Eles saíram da casa e adentraram as mal iluminadas ruas da cidade, rumo á praça. Ao chegarem lá, o coelho começou a acelerar seus saltos e entrou por uma toca entre as raízes de uma das árvores do local.
O garoto seguiu a criatura, mas ao encarar o buraco, amedrontou-se, pelo que Emily contara sobre os armários quase terem desabado sobre ela.
Mesmo com receio, ele entrou pela toca e logo estava caindo e caindo, assim como sua amiga fizera. Os armários estavam lá, com diversos objetos.
Edgard já caia há mais de minutos e já começava a se cansar daquilo quando de repente, impactou em um amontoado de folhas secas.
Assim que se sentiu firme ele logo saiu do caminho, pois sabia que aconteceria o mesmo que ocorreu com Amy. Não estava errado. Após um grande estrondo, o chão estava repleto de toras de madeira, vidro e geléia.
Estava muito escuro, portanto Edgard nada conseguia enxergar além de um brilhante sorriso logo á frente.
- Gato? – ele disse com receio.
- Sim. Sou eu mesmo! – o sorriso respondeu. – Não esperava que você fosse entrar Edgard.
Dois olhos começaram a brilhar em cima do sorriso enquanto o garoto se aproximou.
- Você já sabe como está esse país, mas assim como nós, não sabe o porquê ou como. Vou te contar algo e quero que avise suas amigas. A lagarta sabe de alguma coisa que nós não sabemos, pois seus cogumelos estão por toda parte no país das maravilhas, e uma vez conhecendo a língua dos fungos, ela sabe de tudo o que acontece por aqui – o gato disse, aos sussurros. – Mas antes de irem vê-la, recomendo que lhe comprem algum presente, e que vão armados, pois ela está tão corrompida quanto qualquer um no país das maravilhas.
- Como posso saber a quem confiar e a quem não confiar? – o garoto questionou.
- A solução ao que procura é simples: Não confie em ninguém. São poucos os que ainda não foram corrompidos e estes, podem ficar como todo o resto a qualquer instante – a criatura explicou. – Já está na hora de ir, jovem. E antes que eu esqueça de avisar, vocês logo serão todos chamados involuntariamente.
- Para o chá?
- Sim.
O sorriso e os olhos começaram a desaparecer quando Ed. gritou repentinamente:
- Espere! Alice é real?
- Quando você souber responder isso, provavelmente saberá o que acontece com este país.
Edgard sentiu sua mão pesar. Quando percebeu, era o espelho que causara aquela sensação de peso, e assim ele foi apalpando o objeto até que tocasse seu reflexo.
Estava desacordado no chão da praça. Rapidamente ele se levantou e começou a correr de volta á sua casa, e após um bom tempo estava lá. Não se deitou, sentou em frente ao computador e logo digitou tudo o que o gato dissera, palavra por palavra, com receio de esquecer algo no dia seguinte.
Assim que acabou, foi para a cama com os pensamentos a mil. Jeanine apareceu em sua porta, sonolenta, bocejante e esfregando um dos olhos.
- Ed.? O que aconteceu? – ela perguntou.
- Eu entrei oficialmente – ele disse.
A garota acordou como se tivesse lavado o rosto com água fria. Ele lhe contou tudo o que vira e mostrou sua conversa com o gato, deixando-a pensativa.
- Ok. O que há de errado? – Edgard perguntou. – Conheço esse olhar.
- Estou pensando em quantas outras pessoas por aí não tem a íris vermelha. Qual a conexão entre a gente?
- Acredito que podemos descobrir isso com a lagarta – o garoto disse olhando para a tela do computador.







..::Continua::..

domingo, 20 de setembro de 2009

Capítulo X ..::O Mapa::..


Carol fora para sua casa, acompanhada por Edgard, buscar seu espelho que segundo ela, estava bem guardado.
Assim como Emily, Jeanine carregou o objeto consigo, portanto já estava com ele, aguardando junto á amiga.
Após uma longa caminhada de dez quadras, chegaram á casa de Caroline, que sem demora abriu o portão e correu buscar seu espelho enquanto o garoto ficou esperando do lado de fora. Assim que ela saiu, voltaram o mais depressa possível.
A mãe de Emily estranhou toda aquela movimentação na casa, mas quando perguntou o que estava acontecendo, ouviu a mesma resposta de vezes anteriores: Que era um trabalho escolar.
Logo que o casal chegou, foram todos para o quarto. Estava tudo preparado.
- Ed., nós vamos entrar, fique aqui fora vigiando! – Jeanine disse.
- Mas eu também tenho olhos vermelhos! Porque não posso ir? – ele questionou.
- Porque você ainda não ganhou seu espelho. Vamos! – Emily falou.
Sem perder tempo, as garotas tocaram seus reflexos. Para Edgard que ficou observando, caíram no sono, despencando no tapete do quarto. Para elas, uma enorme ventania começou, as impedindo de enxergar ao redor. Pouco depois, Emily abriu os olhos e viu que estavam nas montanhas onde ficava a casa do grifo e exclamou:
- Sim! Sim! Os locais não são aleatórios! Eles têm alguma ordem!
- Vamos conversar com o grifo, se isso for verdade, devemos pedir um mapa do país das maravilhas! – Jeanine gritou, em meio aos barulhentos ventos.
- Ali! A caverna que vocês me falaram! – Carol apontou.
Todas correram lá para dentro e foram logo descendo as escadarias. Os mesmos quadros continuavam nas paredes, e lá embaixo, elas rapidamente reconheceram o grifo disfarçado em pedra.
- Senhor grifo, senhor grifo? – Emily chamou.
A criatura levantou cabeça lenta e preguiçosamente. Seus olhinhos piscaram várias vezes, tentando reconhecer quem o estava chamando, e assim que notou que eram suas amigas de outrora, o grifo disse:
- Olá! Vocês voltaram! O plano funcionou?
- Sim, funcionou. Muito obrigada – Jeanine agradeceu. – Senhor grifo, precisamos lhe pedir algo.
- Ficarei feliz em ajuda-las – ele falou.
- Será que você não poderia nos dar um mapa do país das maravilhas? – Emily pediu.
- Sim, posso lhes desenhar um mapa na areia. Vejam, aqui fica o castelo da Rainha de Copas. Aqui o castelo da Rainha Branca, e aqui o campo de batalha. Também tem a fortaleza das portas e a casa do coelho, a casa da duquesa – ia dizendo enquanto rabiscava o chão com sua garra. Ficou mais um tempo murmurando e desenhando. – Aqui! Está pronto! – disse, enfim.
As três olharam para o chão e viram o enorme mapa que o grifo havia montado na areia.
- Como vamos nos lembrar de tudo isso? – Jeanine se perguntou.
- Vocês já reparam nos quadros que estão entre as heras? – a criatura perguntou.
- Sim – as garotas responderam quase em couro.
- O ultimo quadro, perto da saída de onde vieram, estará com esse mesmo desenho – o grifo explicou. – Peguem-no, é seus.
- Muito obrigada, senhor Grifo! – Jeanine agradeceu.
- Valeu – Carol disse.
Subiram as escadarias novamente. Observando á todos os quadros com figuras de relógios. O último deles continha o mapa do país das maravilhas.
- Segure para mim – Emily disse, entregando seu espelho para Jeanine e se aproximando da parede.
Com as mãos, a garota afastou a hera ao redor da pintura e retirou o desenho logo em seguida. Enrolou-o e colocou debaixo do braço.
- Vamos embora – enfim disse, recebendo o espelho de volta.
Já com o objeto em mãos, as jovens tocaram seus reflexos, acordando no quarto de Amy.
Edgard estava sentado na cama, ao vê-las acordando, logo se levantou e foi ajudá-las a levantar do chão.
- Como foi lá? – perguntou, estendendo a mão para Carol.
- Foi tudo bem. Como desconfiávamos, os tele-transportes não são aleatórios – Emily disse.
A garota ainda estava com o papel enrolado debaixo do braço. Ela o pegou e estendeu no chão.
- O que é isso? – ele perguntou.
- É um mapa do país das maravilhas que o grifo desenhou para a gente – Jeanine explicou.
- E vejam: As distâncias entre os locais que ele desenhou parecem ser a mesma distância dos locais em que tocamos os espelhos pela cidade – Caroline observou.
Jeanine abriu a boca, surpresa e falou:
- É verdade! Você tem um mapa da cidade aqui Emily? Mais ou menos do tamanho desse que o grifo fez?
- Eu tenho um que comprei para um trabalho de escola – Amy disse, apontando para cima de seu guarda-roupa com o dedo indicador. – Pega pra gente Ed.
O garoto, sem muito esforço, esticou seu braço e agarrou o mapa, que era um pouco maior que o que o grifo desenhara.
- É um pouco maior, mas acho que dá para visualizar os locais mais ou menos, mas como vamos fazer para ver os dois ao mesmo tempo? – Caroline questionou, mais a si que aos outros três no quarto.
- Colocando contra a luz – Emily disse abrindo as cortinas de seu quarto e pegando uma fita adesiva de sua gaveta.
Os jovens colaram os mapas um em cima do outro contra a janela, e assim puderam ver onde ficava cada local da cidade em relação ao país das maravilhas.
- Ali está! A mesa do chapeleiro maluco – Amy falou. – Se for para haver alguma festa de chá, com certeza será ali!




..::Continua::..

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Capítulo IX ..::Caroline::..


Emily não conseguia prestar atenção na aula. A garota não tirava os olhos da mochila, onde o espelho estava guardado, pois estava com medo que algo como o que aconteceu com Edgard pudesse ocorrer novamente.
Ela continuou na sala de aula mesmo após o sinal para o intervalo ter soado. Após mais algum tempo sozinha lá, Emily resolveu ir até a cantina comprar um refrigerante. Agarrou a mochila com o espelho e saiu da sala, cortando os corredores da escola apressada.
Estava andando até a escadaria, mas parou. Suas pernas voltaram a tremer e um enorme frio lhe subira a espinha. Encarava uma garota que estava parada ao pé da escada.
Os olhos também eram avermelhados.
- Quem é você? – Emily gaguejou.
- Carol. E quem é você?
- Emily.
- Você entrou, não entrou? – Caroline questionou.
- Sim. Você também.

Jeanine esperava por Emily no quarto da garota. Ela havia lhe ligado durante o intervalo das aulas pedindo para que fosse á sua casa assim que a escola já tivesse terminado.
Mais alguns minutos de espera e ouviu o portão abrir-se, seguido do som das dobradiças da porta.
- Jeanine?
- Estou aqui no quarto – a garota gritou.
Emily entrou no quarto, seguida por Edgard e uma jovem cuja presença naquele lugar, assustou Jeanine.
- Quem?
- Jê, essa é Caroline. Caroline, essa é a Jeanine – Amy apresentou.
Ambas encaram-se nos olhos avermelhados.
- Caroline?
- Pode me chamar de Carol – ela falou.
Edgard sentou-se na cama.
- Vamos todos para a sala de jantar fazer uma reunião, e como você já está metido nessa Ed, você vem junto – Emily disse.
- Justo agora que eu sentei na cama – o garoto reclamou, levantando-se e andando para fora do quarto.
A sala de jantar era o maior cômodo da casa de Amy. Ela possua azulejos brancos nas paredes e no chão, e em seu centro havia uma mesa de madeira avermelhada cheia de entalhes. Cada um dos jovens sentou em uma das cadeiras.
- Carol, como foi que você entrou lá? – Jeanine perguntou.
- Eu entrei durante á noite. Me deitei mais ou menos umas dez horas e acordei no meio da noite. Em meu quarto tem um espelho gigante, e quando eu levantei, fui beber água e na hora que voltei pro quarto, eu vi alguma coisa no espelho. Ascendi a luz e quase desmaiei de susto, mas o coelho branco estava lá – contou. – Na hora que me aproximei, o espelho caiu em cima de mim, e quando vi, estava no meio da floresta de fungos. Conversei com o gato, ele me deu o espelho e saí.
- Floresta de fungos? – Edgard questionou.
Caroline olhou para ele e disse, séria:
- Você precisa ler o livro de Alice!
O garoto fez uma careta de preguiça.
- Não entrou mais depois disso? – Emily perguntou.
- Não. Vocês entraram?
- Sim, mais uma vez para salvar o Ed. Ele viu o espelho e entrou de curioso – Jeanine falou.
As garotas contaram toda a história do que aconteceu com ambas, e ainda falaram sobre a pesquisa de Alice Liddell e dos sonhos. Carol ouvia tudo com muita atenção e hora ou outra olhava para Edgard e franzia as sobrancelhas até que Amy não se conteve em perguntar:
- O que você vê de tão estranho em Edgard?
- Os olhos dele. Quando entrei aqui eram pretos, e agora parece que estão cada vez mais castanhos – Carol comentou.
As duas garotas olharam assustadas para ele. Seus olhos estavam ficando vermelhos, assim como os delas.
- Edgard! Você vai ganhar um espelho! – Jeanine exclamou.
Ele se levantou e correu para o banheiro para conferir se era verdade. Olhou ao próprio reflexo no espelho e saiu logo em seguida.
- É verdade! Acho que vou ser chamado! Se for verdade a rainha nunca saberá que eu era o intruso, porque vou estar com a marca! – disse, sentando-se novamente.
- Gente, só fiquei com uma dúvida agora que ouvi a história de vocês – Caroline começou. – Cada vez que alguém entra, aparece em algum lugar diferente, mas porque isso acontece. Será que é aleatório?
Os jovens se entreolharam.
- Talvez tenhamos que testar entrar de algum ambiente em que já entramos para saber – Emily disse. – E meu quarto fica logo ali.




..::Continua::..

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Capítulo VIII ..::A marca::..


Jeanine não conseguia ficar parada. Caminhava de um lado a outro do quarto de Emily e vezes olhava aos espelhos em cima da cama.
- Fique calma, Jeanine, ele vai ficar bem. O gato e o grifo vão dar um jeito de salvá-lo.
Quando saíram das montanhas, as garotas e a ave voaram até a floresta e lá, chamaram o gato do sorriso, que sugeriu á elas que fossem embora e se acalmassem. Ele também pediu para que a Jeanine deixasse seu espelho com ele e usasse o espelho da amiga para voltar.
De repente o telefone toca, ecoando por toda a casa. Emily corre para a sala e o atende.
- Alô?
- Emily! Emily! – ouviu a voz de Edgard e confortou-se.
- Jeanine! É o Edgard! É o Edgard, ele está bem! – a garota gritou, o que fez com que a outra se acalmasse.
- Emily... Estou indo em sua casa! Fique atenta aí porque já já eu chego.
- Mas já é mais que meia-noite! Minha mãe vai estranhar!
- Não importa! Tenho que fazer algumas perguntas e contar para vocês o que sonhei! – ele disse, afobado.
- Então venha rápido! – Emily falou antes de desligar.
Assim que colocou o telefone de volta ao gancho, a garota viu que Jeanine estava chorando deitada em sua cama.
- Jeanine, seu irmão está bem... Ele está vindo para cá.
- É – a garota sorriu. – Nossa, que alívio! O gato e o grifo conseguiram!
Em menos de vinte minutos, Edgard chamava pela jovem portão da casa. Sem demora, a garota foi atendê-lo, fazendo o máximo de esforço para que não acordasse seus pais, que para sua sorte, tinham sono pesado.
Assim que ela abriu o portão para que o garoto entrasse, Jeanine correu a seu encontro para abraçá-lo, com lágrimas nos olhos. Permaneceram abraçados por mais alguns segundos e depois, entraram todos, rumo ao quarto de Emily.
- Então vocês sabem onde o espelho leva – ele disse, observando o estado de sua irmã.
- Sim. Onde você foi parar? – Emily questionou.
- Eu fui parar em um castelo. De repente ouvi um barulho e me escondi atrás de um pilar, e então uma rainha toda vestida de vermelho apareceu – as garotas se entreolharam sérias –, depois disso, um tal de grifo começou a conversar com ela. Os dois falavam de mim. Eles falaram que um intruso havia entrado no país das maravilhas e depois disso comentaram algo sobre uma marca.
- Marca? Que marca? – Jeanine perguntou, olhando desconfiada para Emily.
- Não sei. Sei que eles sabiam que eu era um intruso porque eu não estava marcado. E a rainha também falou de um chá. Depois disso o gato apareceu e me ajudou a escapar.
- A marca não pode ser o espelho – Emily disse á Jeanine –, porque o gato não parece estar do lado da rainha, então não ajudaria ela entregando os espelhos.
- O que temos em comum? – a outra garota disse, pensativa.
- Ei! Que lugar é aquele? O que aconteceu? – Edgard perguntou.
- Aquele é o País das Maravilhas. Segundo o que ficamos sabendo, alguma coisa ou alguém deixou o país corrompido, e nós temos alguma ligação á isso. E agora você disse que temos alguma marca que nos diferencia das pessoas que não podem entrar no país das maravilhas – Emily explicou.
- Acho que já sei o que é – ele disse. – Olhem para a íris de vocês. Já faz um tempinho que venho observando isso.
- O que tem nossa íris? – Jeanine falou, preocupada.
- Elas são... Vermelhas. Primeiro eu achei que eu estava vendo errado, pensei que fosse castanho. Mas agora acho que é isso que diferencia vocês.
Ambas foram até o banheiro e começaram a observar a íris de seus olhos no espelho.
- Sim, realmente são vermelhas. Mas será que isso é de agora ou já nascemos assim? Porque em documentos e formulários eu sempre coloquei que eram castanhos – Emily disse.
- Realmente, é muito estranho.
Voltaram ao quarto. Onde o garoto estava sentado na cama, ao lado dos espelhos.
- Agora só nos resta saber uma coisa – Emily comentou. – O que é esse chá?

domingo, 6 de setembro de 2009

Capítulo VII ..::O que Edgard viu lá::..


Ao tocar o espelho das garotas, Edgard sentiu uma enorme ventania em seu rosto, o que o fez fechar os olhos até que aquilo passasse. Quando os abriu novamente, estava dentro de um salão todo feito de mármore branco com entalhes em prata nas colunas e nas paredes. Era todo decorado com belíssimos tecidos vermelhos.
Os pisos no chão intercalavam-se entre vermelho e branco, e cada piso de cor rubra continha um desenho em preto dos naipes escuros do baralho, enquanto cada piso claro continha desenhos dos naipes vermelhos.
Ele escutou um barulho, e quase que automaticamente, escondeu-se atrás de uma das colunas.
Um coelho branco, de jaqueta e luvas rubras entrou por uma enorme porta de madeira, sendo seguido por duas fileiras de cartas de baralhos. Ele parou de andar, colocando-se ao lado de um trono e retirando da jaqueta uma espécie de corneta.
Quando todas as cartas pararam de andar, formando um corredor em volta de um tapete vermelho que se estendia até o trono, o coelho soprou o instrumento três vezes e depois gritou:
- Sua majestade... A rainha de Copas!
Assim, uma mulher de vestes vermelhas cheias de detalhes em preto e branco, entrou na sala, cortando o corredor de baralhos. Pelo que Edgard pôde medir á olho, ela devia ter mais ou menos uns dois metros de altura, e seu vestido arrastava-se pelo chão, assim como seu véu rubro. Em uma das mãos ela carregava um cetro com uma flor feita de diamantes, enquanto a outra a ajudava a caminhar, segurando o pesado tecido de seu vestido.
Ao sentar-se no trono, todas as cartas saíram, e o rei entrou. Ele continha roupas também pesadas e com as mesmas decorações que as da rainha, e ainda possuía uma enorme coroa em sua cabeça.
Edgard estava com medo de sair detrás da coluna. Suas pernas estavam bambas e ele não sabia o que estava acontecendo ou como fora parar naquele lugar estranho.
- O chá já está pronto? – a rainha perguntou secamente ao coelho.
- Ainda não. Estou recolhendo os convidados – o coelho gaguejou.
- Então o que ainda está fazendo aqui? Quer perder sua cabeça por algum acaso?
- Não! Não senhora! – o coelho disse, já correndo para a porta.
A sós com o rei, a rainha disse:
- Eu sei que o gato está ajudando eles! Talvez tenhamos que fazer uma caça ao gato.
- Tudo que quiser, minha rainha – o rei disse, serenamente.
Após algum tempo de silêncio, a rainha começou a fungar algo, levantando seu nariz e puxando o ar com mais força.
- Você está sentido algum cheiro estranho nesta sala?
Nesse momento, o coração de Edgard, que já estava acelerado, acelerou mais, e sua barriga ficou fria. Ele voltou a se esconder sem se importar mais em espiar.
A rainha levantou-se e o garoto ouviu seus pesados passos e suas fungadas vindo em sua direção.
Edgard sentia o suor escorrer por sua face, o medo o tomara por completo, pois aquela rainha não parecia estar para brincadeiras.
De repente a porta se abriu, e ele escutou um farfalhar de asas e ela parou de andar, dizendo:
- Grifo? O que você faz aqui?
- Estou aqui para lhe avisar que um intruso entrou no país das maravilhas.
Os olhos de Edgard se arregalaram e ele ouviu os passos da rainha de volta ao trono.
- O que você viu, grifo? – ela questionou.
O “grifo” começou a se aproximar.
- O vi das montanhas. Ele não estava marcado, como o resto.
- Sua visão é tão boa assim que de cima das montanhas conseguiu ver se ele tinha ou não a marca? – a rainha estranhou.
- Como vossa majestade sabe, sou exímio caçador.
- Sim – ela concordou.
O garoto cerrou os olhos pra enxergar melhor. Edgard estava com tanto medo que não sabia se o sorriso que via flutuando era real ou era apenas resultado de seu pavor, até que o mesmo transformou-se em um gato de pêlos coloridos.
- O que? – o garoto cochichou a si.
A rainha estava distraída conversando com o grifo, então ela provavelmente não escutava o que o gato e Edgard conversavam entre si.
- Parece que você não sabe quem sou – o gato sorridente disse, o que fez o garoto pular de susto. – Para de se tremer e me escute: Você está em grande perigo! Sua irmã lhe mandou algo. É melhor que o use logo para sair daqui, senão você poderá perder a sua cabeça!
Dizendo isso, a pelugem do gato começou a desaparecer e seu sorriso flutuante se transformou em um espelho igual ao que Jeanine e Emily carregavam.




..::Continua::..

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Capítulo VI ..::O Resgate de Edgard::..



- Meu Deus... O que vamos fazer? – Jeanine perguntou aos berros.
- Calma! – a outra garota respondeu. – Vamos logo para minha casa! Apresse sua mãe enquanto eu ligo para minha avisar que você vai lá! Rápido.
Edgard estava em sono profundo, caído no chão da sala.
Emily podia ouvir a amiga conversando quando a mãe atendeu suas chamadas do outro lado da linha.
- Mãe?
- Oi, fala filha – a jovem foi respondida prontamente.
- Uma amiga minha precisa dormir hoje em casa. É coisa de escola – disse tão rapidamente que quase atropelava as palavras.
- Qual amiga?
- Jeanine.
- Nossa. Nunca tinha ouvido falar nessa amiga sua – a mãe se espantou.
- É. Na verdade ela é a irmã de um colega meu de escola, só que a gente vai precisar da ajuda dela pra fazer um trabalho.
- Tudo bem por mim, querida.
Nesse momento, Jeanine e sua mãe, cortaram a sala rapidamente em direção á garagem. No caminho, a garota parou porto ao sofá para pegar sua mochila e ambos os espelhos.
- Já estamos indo. Tchau – desligou.
Apressadamente, chegaram à casa de Emily e sem perder tempo, as duas foram logo ao quarto.
- Está pronta? – a garota perguntou
- Não. Mas é uma emergência. Não sei o que pode acontecer a meu irmão!
- Três. Dois. Um.
Ao mesmo tempo, tocaram seus espelhos.
Jeanine fechou os olhos, de repente começou a sentir uma enorme ventania. Quando os abriu, espantou-se.
- Onde estamos? – gritou.
Emily, que estava ao seu lado, respondeu:
- Parece que estamos em cima de uma montanha!
- O que vamos fazer?
Ambas começaram a olhas ao seu redor, para analisar o ambiente que estavam. Era uma montanha rochosa em cujas paredes crescia uma planta desconhecida, de flores cor de lilás.
- Olhe! Uma caverna! – Emily gritou, apontando com o dedo indicador.
- Vamos para lá!
Elas começaram a andar com receio. Estavam com medo de cair, pois a montanha era muito alta. Logo alcançaram o local e, nele, não estava ventando.
A entrada era arredondada e havia uma espécie de escada em espiral feita de pedras que descia caverna abaixo.
- Vamos descer? – Jeanine perguntou.
- Vamos... Quem sabe não há uma saída – Emily respondeu.
As garotas começaram a descer. Após descerem diversos degraus, as plantas que cresciam nas paredes passaram a formar uma espécie de moldura com pinturas muito estranhas de relógios de bolso antigos multicoloridos.
A escadaria acabou, e elas estavam novamente em uma sala circular, onde no centro havia uma enorme pedra cinzenta. Olharam para cima e viram o céu com nuvens avermelhadas.
- Não há saída! – Emily disse. – Apenas pelo teto!
- O que vamos fazer? – Jeanine disse, aos choros.
Ela se recostou a pedra, que começou a se mexer, fazendo ambas pularem de susto.
- O que é isso? – gritaram quase ao mesmo tempo.
- Eu sou um grifo! – ouviram.
O que as garotas pensavam ser uma pedra era um animal. Seu rosto e suas patas da frente pertenciam á uma águia, porém suas patas traseiras e seu rabo eram de leão, o que as espantou, além do fato da criatura saber falar.
- Grifo? Acho que me lembro – Emily falou pensativa. – Senhor grifo, precisamos de ajuda! O irmão dela entrou no país das maravilhas.
- Isso é normal – a criatura respondeu -, desde que ele seja um convidado para o chá da rainha.
- Convidado para chá? Que chá? – a outra garota questionou.
- Vou mudar meu modo de dizer, então. Isso é normal, desde que ele tenha um espelho.
- Oh céus! Ele não tem! – Jeanine gritou.
O grifo pareceu se agitar, levantando-se num salto.
- Então temos que encontrar ele! Antes que a rainha o faça!
- Se a rainha o encontrar o que vai acontecer? – Emily perguntou.
- Ela cortará a cabeça dele! Vamos, montem em cima de mim, rápido!



..::Continua::..

sábado, 29 de agosto de 2009

Capítulo V ..::Alice Liddell::..



Em pouco tempo já estavam as duas garotas em frente ao computador, com Edgard expulso do quarto.
- Olhe Emily. Alice foi baseada nesta garota, Alice Liddell, quando Lewis Carroll escreveu “As Aventuras de Alice Embaixo da Terra”, que depois passou a ser chamado “Alice no país das maravilhas” – Jeanine contou, conforme a tela mostrava textos e mais textos da pesquisa.
Amy acompanhava tudo com os olhos. Ela não esperava que Alice tivesse existido, mas por memória, conseguiu lembrar que já ouvira falar algo sobre isso há algum tempo.
- O que você encontrou sobre Alice Liddell? – perguntou á Jeanine.
- Na verdade não encontrei nada de muito extraordinário. Mas será que ela tem a ver com o que está acontecendo com a gente?
- Talvez – a garota começou -... Talvez a gente descubra algo, se voltar para o País das Maravilhas. Você já tentou voltar para lá desde a primeira vez?
- Não. Não sei se quero voltar lá. O gato me assustou bastante – Jeanine contou.
- Vamos! Hoje você vem dormir em minha casa e a gente entra.
Jeanine ficou séria, olhando ao nada. Estava com medo de entrar, e as palavras que o gato do sorriso disse lhe voltaram á mente: “Nada é o mesmo”.
Nada é o mesmo. Nada é o mesmo. Nada é o mesmo.
- E então? Vamos... Não posso fazer isso sozinha! – Emily implorou.
Nada é o mesmo. Nada é o mesmo. Nada é o mesmo.
- Tá! Eu vou – enfim disse.
As duas votaram a pesquisar. Trocaram de lugar algumas vezes, pois Emily sabia inglês, portanto lia os sites estrangeiros.
Mais algum tempo pesquisando e elas descobriram que Lewis fora acusado de pedofilia e que ele pedira Alice em casamento quando ela já estava crescida. A família da garota recusou.
Eles trocavam cartas, que depois viraram um livro de acusação. Mas para ambas, nada disso parecia justificar a presença delas no País das Maravilhas, também porque descobriram que Liddell era muito diferente da personagem, tendo a personalidade oposta.
- Talvez estejamos procurando nos sites errados – Emily disse, desanimada. – Vamos tentar alguma coisa do tipo, não sei, sonhos vividos, sonhos reais.
- Vou tentar – Jeanine disse também não muito animada.
Amy deitou-se na cama, esperando pelos resultados, até que ouviu uma exclamação de Jeanine.
- Ei! Ei! Ei! Veja o que encontrei!
A garota sentou-se e começou a prestar atenção.
- Quatro teorias dos sonhos – Jeanine leu em voz alta. – Primeira: Sonhos poderiam ser o reviver de emoções passadas em outras vidas, emoções que viriam junto de imagens desta vida.
- Que viajem! – Emily disse. – Não tem nada a ver.
- Não, continua escutando! Segunda teoria: Uma hipótese fantástica sobre o que poderia acontecer depois de morrermos. Agora vem a teoria que eu quero que ouça: Nos sonhos poderíamos "sintonizar" mundos paralelos que realmente existem. E ainda: Sonhos poderiam ser uma opção de viver o que os nossos outros "Eus" estão vivendo em mundos paralelos.
- Sim! Sim! – Amy disse, quase aos gritos. – Como se nós tivéssemos uma cópia nossa aqui e outra no País das Maravilhas!
- E Alice descobriu como sintonizar a gente com essas outras nós! O País das Maravilhas realmente existe! – Jeanine completou.
- Mas isso são só teorias, não é? Será que é algum especialista que escreveu isso? – Emily questionou, mais para si que á outra garota.
- Não. Parece ser um site mais pessoal. Mesmo assim, parece que se encaixa. Nós temos uma espécie de outras nós no mundo de Alice, isso já sabemos, e também descobrimos que fomos sintonizadas nesses “clones”. Agora a gente precisa descobrir o porquê disso.
- O gato talvez nos dê alguma resposta.
Após ouvir isso, Jeanine foi avisar a mãe que iria passar a noite na casa de Emily. Assim, começou a arrumar uma mochila com a ajuda da amiga. Edgard estranhou tudo aquilo, mas nada disse, até que viu o cuidado com que ambas tinham com os espelhos, sempre os carregando para onde fossem.
Jeanine colocou o objeto por alguns instantes ao lado de sua mochila apenas para acabar de se arrumar.
- Não entendo! Que espelhos são esses? – o garoto disse, se aproximando do objeto.
- Não toque nele! – as garotas gritaram ao mesmo tempo, o que o assustou.
Era tarde demais. Edgard já havia tocado seu reflexo.


..::Continua::..

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Capítulo IV ..::A história de Jeanine::..



Jeanine estava em frente ao computador, mas nem mexia nele. Estava pensativa com o olhar vago, elaborando suas idéias.
A garota estava tão concentrada que mal viu seu irmão entrar no quarto.
- Ei... O que você está fazendo? – ele disse, o que a assustou, fazendo a garota pular da cadeira.
- Meu Deus! Que susto! – disse séria, levando a mão á testa.
- Nossa! Hoje eu estou só assustando todo mundo, credo! – ele reclamou, sentando-se na cama. – Tem uma pessoa lá na sala que quer conversar com você pessoalmente.
- Que estranho... Quem é?
O garoto estava de olhos fechados e bocejou antes de explicar:
- É uma amiga minha. Vai lá... Tem alguma coisa a ver com aquele espelho que você está carregando para lá e para cá ultimamente.
Ao ouvir essas palavras, Jeanine teve um arrepio repentino, e sentiu sua barriga ficar gelada. Surpresa e de olhos arregalados, ela gaguejou ao irmão:
- Sério? Ela está lá na sala?
- Sim... Vai até lá, não deixe a visita esperar!
A jovem levantou-se num pulo, de pernas bambas foi caminhando lentamente até a sala. Ela não conseguia ouvir nada além das batidas do próprio coração, de tão fortes que estavam.
Virou o corredor e foi adentrando o cômodo com a respiração pesada. Logo viu Emily sentada ao sofá, com o espelho em mãos.
- Jeanine? – Amy disse.
- Oi... – a jovem conseguiu dizer.
- Eu sou Emily. Quero falar com você porque seu irmão disse que você tem um espelho igual a esse que estou segurando em minhas mãos.
- Sim. Como você pegou esse espelho?
- Você sabe como... – Emily disse, séria.
Como se as palavras fossem um golpe, Jeanine sentiu seu coração pular em seu peito, e mais uma vez, sua barriga congelou-se. Nervosa, a garota apenas conseguiu fazer outra pergunta:
- Você entrou lá também?
- Sim. Entrei hoje e conversei com o gato sorridente. O que aconteceu? Como você entrou lá?
Jeanine sentou-se, nervosa. Quando conseguiu se acalmar um pouco mais, pôde contar sua história:
- Eu estava na escola. Tem esse menino de que gosto, o Robert, e essa semana ele ficou sabendo isso, então, resolveu conversar comigo. Seu peito estufou e ele começou a se aproximar de mim, falando e falando e eu já nem ouvia mais o que ele falava, nossos lábios foram se encontrando, mas ele não me beijou, deu apenas um selinho e quando vi, saiu correndo pelo corredor.
- Sim... Continue contando! – Emily disse, focada totalmente nas palavras de Jeanine, absorvendo uma a uma em sua mente.
- Saí correndo atrás dele, e passei por diversos corredores da escola. Então, Robert entrou em uma das salas vazias. No começo eu fiquei com medo de entrar, mas entrei e não havia ninguém lá... Nem mesmo ele! Fiquei morrendo de medo – contou. – Então, vi um relógio, daqueles bem antigos, de bolso, em cima da mesa de professores, e ele fazia aquele barulho, sabe? Me aproximei do relógio e peguei ele, colocando em meu ouvido para ouvir melhor o barulho daquilo.
- O relógio do coelho... – Emily comentou, de pensamento longe.
- Sim... O coelho! – a garota exclamou. – Eu ouvi alguma coisa atrás de mim, e era o coelho, ele me empurrou.
- O coelho? Branco?
- Sim, o coelho. Ele me empurrou, mas eu não bati no chão, comecei a cair, cair, cair.
- Mas o que você ficou sabendo sobre lá? O que você viu?
Jeanine tomou ar e continuou falando:
- O gato, apenas me disse que Alice descobriu como chamar outras pessoas para seu mundo dos sonhos, e que eu deveria usar o espelho para me locomover entre os mundos e descobrir o que está acontecendo. Eu poderia até achar que era apenas um sonho normal, mas o espelho apareceu lá na escola também, como se eu tivesse dormido dentro da sala vazia! – disse, por fim.
- Você chegou a ver o jardim? – Emily perguntou.
- Que jardim? Quando caí eu estava em um tipo de labirinto com os muros totalmente cobertos de hera. Estava escuro, como se fosse á noite, mesmo assim consegui ler o que estava escrito no espelho.
- Jeanine, acho que mais gente além de nós entrou no país das maravilhas, temos de encontrar algum modo de achar todo mundo.
- Mais que isso! Venha ver o que encontrei na internet, Alice foi baseada em uma garota real!



..::Continua::..

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Capítulo III ..::O espelho::..



Emily agarrou o objeto com a mão que não estava usando.
Com a luz, ela começou a observar os entalhes de flores desenhados nas bordas douradas e no cabo do espelho, nos quais havia algo escrito, todavia Emily não conseguia ver o que era pela precariedade da iluminação.
- Como eu devo usar isso? – ela se perguntou, em voz alta.
Olhando seu reflexo, a garota se viu adormecida ao banco da pracinha.
- O que? Como eu uso isso? Talvez se tivesse alguma luz mais forte... – disse á si.
Amy olhou para a mesinha de vidro novamente e pegou o frasco com a bebida vermelha, onde pôde ler em seu rótulo as palavras “Beba-me”. Não se esquecendo das histórias lidas na infância, ela colocou a chavezinha no bolso traseiro da calça e bebeu o líquido, não temendo ser veneno algum.
Pôs a lanterna no chão, iluminando o caminho á portinha atrás da cortina vermelha antes que não pudesse mais segurar o objeto, pois estava diminuindo de tamanho. Logo o teto pareceu se afastar, e os ladrilhos do chão pareciam ainda maiores. Emily estava do tamanho de um camundongo.
A mesa de vidro estava inalcançável. A única coisa que a garota poderia fazer era seguir o caminho iluminado até a porta, onde ela inseriu e girou a chave.
Seus dedos contornaram a maçaneta, forçando-a até a porta abrir com um estranho barulho metálico. A jovem empurrou a madeira levemente com as mãos e uma imensa claridade entrou por todo o local, cegando-a por alguns instantes.
Piscando rapidamente os olhos até se acostumar com a luz, Emily começou a enxergar lentamente onde estava. Era um jardim ao ar livre, e atrás dela havia um enorme muro de pedra com a portinha por qual passara há pouco.
A jovem desceu uma pequena escada formada por meia dúzia de degraus até chegar a uma fonte toda feita de mármore vermelho e branco, de onde jorrava água cristalina abundante.
Lá fora ela conseguia ler o que estava escrito nas bordas do espelho, e Amy pôde finalmente reconhecer as palavras em relevo.

“Para atravessar os mundos, o reflexo deve ser tocado.”

Com uma das mãos a garota segurou o cabo do espelho, enquanto a outra mão foi aproximando de seu reflexo adormecido no banco da praça. Tocou.

Emily acordou num pulo, deixando algo cair de seu colo na grama macia. Cambaleante, foi recobrando o equilíbrio e ficando em pé aos poucos, com a respiração ofegante por alguns segundos.
Após se acalmar, ela foi se aproximando do objeto que caíra ao chão e lá viu o espelho que pegara em seus sonhos, recuando, assustada.
- Então foi tudo real? – pensou, em voz alta.
- Tudo o que? – ouviu atrás de si, o que a espantou.
Amy se virou e viu que era seu colega quem estava lá. Respirou fundo, aliviada.
- Nada – mentiu.
A garota andou até o espelho e abaixou-se para pega-lo antes de ir junto com o amigo para a biblioteca.
- Edgard... Depois de acharmos o livro para o trabalho, eu vou ficar na biblioteca mais um tempinho, caso você precise ir embora – Emily avisou.
- O que você vai fazer lá?
- Vou procurar um outro livro. Acho que na biblioteca vai dar menos trabalho do que ir procurar no meio das minhas coisas – contou.
Edgard sorriu, mas mudou de expressão ao olhar para o espelho, fazendo uma careta de dúvida.
- O que é isso? – o garoto não se segurou a perguntar, aproximando sua mão do objeto, curioso.
- Não toque! – Emily exaltou-se. – É um espelho que achei bonito... E comprei em uma lojinha á caminho da praça...
- Tudo bem – ele riu. – Relaxa.
- Porque a curiosidade? – ela questionou.
- Porque minha irmã, Jeanine, apareceu com um igualzinho em casa ontem pela manhã.



..::Continua::..

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Capítulo II ..::O país corrompido::..



As folhas não ajudaram muito. Emily estava toda dolorida, mas não largara a lanterna.
Tentou ver onde estava, observou as paredes cavernosas e ásperas e á sua frente viu um longo corredor de pisos e lajes frias intercaladas de preto e branco.
O corredor estava repleto de portas, todas feitas de madeira e entalhadas com detalhes em relevo. Algumas possuíam maçaneta dourada e em outras eram prateadas.
A garota somente conseguiu ver isso, pois estava com a lanterna ligada á mão, porque se dependesse da iluminação local, nada veria tamanha a escuridão do ambiente. De repente ela se lembrou que os armários provavelmente logo cairiam também, portanto tratou de levantar-se e sair do caminho, olhando para as folhas, esperando que os pesados objetos desabassem.
Com um enorme estrondo, seguido pelo grito de Emily, as folhas espalharam-se por toda parte, jogadas pelos armários. O conteúdo deles também se espalhou por toda parte. Havia diversos cacos de vidro sujos de geléia pelo chão, e alguns estavam sobre a roupa da jovem.
Após limpar-se levemente com as mãos, apenas varrendo poucos cacos de sua jaqueta vermelha e seu jeans, ela voltou sua lanterna ao corredor e começou a andar pelo mesmo em passos lentos, ainda assustada com tudo que lhe estava acontecendo.
- Olá? Tem alguém aí? – sua fina e trêmula voz ecoou por todo o local.
Ela continuou caminhando na quietude do ambiente. Até que chegasse á uma salinha redonda. Iluminando seu centro, Emily viu uma mesa de vidro, onde nela, havia um pequeno frasco com um líquido avermelhado e ao lado do mesmo, uma chavezinha enferrujada.
- Sabe, faz muito tempo que ninguém entrava no País das Maravilhas – a garota ouviu, assustando-se.
- Quem? Quem está aí? – gritou, procurando o dono da voz com a lanterna.
Ela iluminou frente á parede, um estranho sorriso que flutuava junto á uma cortina rubra. Logo, ao redor do sorriso, começou a surgir a silhueta de um gato. Lembrando-se das histórias que lia quando criança, Emily logo reconheceu com quem estava conversando.
- Eu sei quem você é... E sei que lugar é esse. O que estou fazendo aqui?
- Pelo visto estou lidando com uma garota espertinha... Seria estranho se você não soubesse onde está, pois a maioria conhece – o gato do sorriso falou.
A garota não se conteve a aproximou da criatura, que estava com suas garras de fora, pendurado na cortina. Ela estendeu o braço e começou a acariciar seus pêlos, que logo começaram a mudar de cor, passando de seu tom acinzentado á um verde brilhante e logo se transformando em azul cor do céu.
Em meio ao ronronar, ele conseguiu dizer:
- Você está aqui por um motivo. Novamente Alice foi corrompida, assim como seu país, devo avisar algumas coisas antes de você se aventurar: nada é o mesmo. Algo aconteceu com ela, mas não sabemos o que.
- Mas então, porque estou no país dos sonhos de Alice e não no meu? – Emily não se conteve em perguntar.
O gato desceu da cortina num pulo e ficou ao chão, esfregando suas costas nas pernas da jovem.
- Ela aprendeu como trazer outras pessoas á seu mundo. Mesmo que inconscientemente, talvez.
A silhueta dele foi desaparecendo novamente restando apenas seu sorriso, que logo despencou ao chão com um estranho barulho.
- Use o espelho, para se mover entre seu mundo e nosso mundo... – a voz do felino soou, finalmente.
Amy ficou se perguntando qual era o espelho que o gato sorridente falava, mas ao iluminar o local onde ele havia desaparecido com aquele som desconhecido, a lanterna mostrou o objeto que a garota procurava.



..::Continua::..

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Capítulo I ..::Emily segue o coelho branco::..


Emily estava sentada em um banco de tinta descascada na pracinha, em frente á uma padaria, que a fazia suspirar vez ou outra com o delicioso cheiro de pães. Ela estava esperando um amigo da escola, ambos estavam á caminho da biblioteca, pois deveriam procurar por um livro para um trabalho.
Cansada de esperar, Amy, como todos a chamavam, agarrou seu celular no bolso do jeans, discou o número do telefone do colega delicadamente e levou o aparelho ao ouvido. Ouvia as chamadas, ansiosa, esperando por ser atendida, o que não ocorreu.
Voltou a se sentar, bufando de tédio. Seus olhos estavam começando a ficar pesados, enquanto pensava: “Porque ele está demorando tanto assim?”.
Não relutou e fechou os olhos por alguns instantes, não viu o tempo passar, levantou a cabeça de repente, imaginando ter adormecido. Coçou-os fechados, circulando levemente com a ponta dos dedos.
Quando abriu os olhos novamente, assustou-se com a imagem que viu, jogando a cabeça para trás e fazendo um estranho barulho.
Um coelho branco estava no meio do jardim da praça. Se fosse somente isso, Emily não estranharia nada, o que mais a assustou foi o fato do coelho branco estar com uma jaqueta e luvas rubras e ainda um relógio de bolso antigo pendurado por uma corrente de metal ao bolso.
- Que gracinha? – deixou-se exclamar, mais soando como uma pergunta.
- Obrigado – ouviu o pequeno animal responder, o que a fez pular do banco de susto.
Amy ficou sem palavras, encarando o estranho coelho, assustada. Ele espiou as horas e suas feições mudaram rapidamente, parecia preocupado.
- Oh céus! Vamos, Emily, antes que seja tarde demais!
A garota nada conseguiu perguntar, mas queria saber para que seria tarde demais? Após alguns gaguejos sem nenhuma frase formada, o coelho tomou a palavra:
- Vamos! Vamos!
De pernas trêmulas, ela se levantou do banco e começou a andar em direção ao coelho, que ficou de pé e começou a correr pela praça.
“Devo estar louca!”, A garota pensou conssigo.
Começou a seguir o coelho, que depois de cortar toda a praça, entrou por um buraco que havia entre as raízes de uma árvore do jardim.
Amy lembrava de algumas histórias que lia quando era criança. Aquilo tudo parecia ser um estranho sonho como se fosse um dos livros infantis empoeirados dentro da caixa de papelão escondida em seu porão.
Ela aproximou-se da toca do coelho e receou entrar lá.
- Vamos! Vamos Emily! Precisamos de sua ajuda! – ouviu a voz do animalzinho ecoando pelo buraco.
Uma onda de medo invadiu a garota, mas á essa altura, já estava demasiado curiosa para saber o que havia embaixo da toca do coelho.
Ela sentou-se, colocando as pernas para dentro da toca e escorregou pela grama, começando a cair.
Caía, caía, caía. Parecia ser um buraco sem fundo, e ela olhava para baixo e não via o chão, o que a deixou com mais medo.
Fechou os olhos, até que sentiu algo roçando seu calcanhar, e os abriu. Era uma cadeira, que também parecia cair. Junto á cadeira havia um armário em queda.
- Isso tudo me parece tão familiar! – disse.
Olhou o conteúdo do armário, eram diversos potes com diferentes tipos de geléia. Ela logo ultrapassou o armário e continuou caindo. Havia diversos iguais aquele, alguns com livros, relógios e outras coisas.
“Nossa... Eu vou morrer!” pensou, quando viu que ainda caía, mas também não via o chão.
Em um dos armários, Amy viu que havia uma lanterna, qual agarrou e ligou, apontando para baixo, imaginando ver onde cairia, e viu um gramado forrado de folhas secas que se aproximava rapidamente.




..::Continua::..