THOUSANDS OF FREE BLOGGER TEMPLATES

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Capítulo XIII ..::O Que Carol Viu::..


Caroline acabara de sair da escola. Ela iria limpar seu quarto e arrumar sua casa, pois no dia seguinte iriam até lá para entrar e conversar com a temida lagarta azul.
Despediu-se de Emily e Edgard em frente á escola e começou a andar quadra abaixo. Estava tão distraída em seus pensamentos que nem percebeu que seu fichário estava escorregando por seu braço. Mais alguns passos e o objeto caiu ao chão, fazendo-a quase derrubar uma pasta amarela que carregava junto.
A garota assustou-se e voltou a si, abandonando os pensamentos para abaixar-se pegar o fichário. Ela dobrou os joelhos e inclinou-se, esticando os braços até recolhê-lo.
Alguém se aproximou. Ela encarava dois pés com sapatos pretos bem engraxados e meias brancas. Foi subindo o olhar, observando o vestido azul que a garotinha usava. Era uma menina de aparentemente oito anos, de longos cabelos loiros ondulados que a encarava com olhos de íris vermelha.
Carol abafou um grito. A criança olhava para ela com um sorriso largo e mãos para trás, mexendo-se de lado a outro, como se dançasse.
- Quem é você? – Carol conseguiu gaguejar.
A menina deu um risinho agudo e começou a correr. Caroline agarrou o fichário prontamente e começou a correr atrás dela. Desceram duas quadras e a garotinha virou a esquina.
Carol tentava não tirar os olhos da criança, e a seguia ignorando as pessoas pela rua. Continuaram correndo até que a garota perdeu a menina de vista, desacelerando com a respiração ofegante.
Após descansar, ela olhou á sua volta e viu que estava próxima á uma igreja abandonada. Ao observar os arbustos no jardim da mesma, viu olhinhos vermelhos que a observavam.
Voltou a correr e a menina saiu de seu esconderijo e entrou pela porta, deixando-a entreaberta. Carol logo pulou a grade de metal e subiu de dois em dois degraus as escadaria de cimento rachada. Entrou.
Estava frio, escuro e silencioso lá dentro. A única luz que entrava vinha de uma das janelas com a vidraria quebrada e iluminava apenas o altar á frente.
- Você é Alice? Alice Liddell? – a garota gritou.
- Sim eu sou. E você também é – ouviu.
Caroline começou a andar na direção do som, mas tropeçou em algo. Como sua visão já havia se acostumado com o escuro, ela pôde observar que era um pedaço do teto. Olhou para cima e viu o telhado da construção.
- O que? O que você quer dizer com isso? – perguntou.
A menina apareceu na clareira.
- Você logo vai descobrir – disse aos risos com sua fina voz.
A criança saiu da clareira. Carol ouviu passos apressados e depois ficou sozinha na quietude. Saiu pelo mesmo local que veio e voltou pelo mesmo caminho, recolhendo sua pasta amarela do jardim da igreja em ruínas e o fichário da rua, os quais ela nem percebeu ter derrubado no calor da perseguição.
Assim como haviam combinado, ela pegou o celular e enviou uma mensagem á cada um dos outros dizendo: “Vi algo sinistro. Pista quente. Precisamos nos ver. Minha casa, hoje ás duas horas.”.

Era uma e meia quando Jeanine e Edgard chegaram. Emily chegou quinze minutos depois, estavam todos na sala e Carol apareceu com duas tigelas de pipoca e copos de refrigerante.
- Gente. Eu vi Alice! – disse, chocando á todos.
- Como assim? – Jeanine questionou, surpresa.
A garota contava tudo o que lhe acontecera nos mínimos detalhes, sem esquecer-se de nada, observando a reação pasma dos outros jovens.
- O que será que ela quis dizer? – Emily se perguntou.
- A lagarta deve saber – Edgard afirmou.
- Talvez – Caroline concordou. – Vamos descobrir amanhã.
- Vou adicionar isso na lista de perguntas quando chegar em casa – Emily afirmou.




..::Continua::..

sábado, 3 de outubro de 2009

Capítulo XII ..::A Descoberta que Fizeram::..



Jeanine estava sentada em sua carteira fingindo ler um livro. Ela estava tão nervosa que mal conseguia distinguir as letras impressas. Robert estava lá na classe encarando-a, mas ela não conseguia olhar para o rosto dele.
Ficaram diversas aulas daquele jeito, assim como fora aquela semana toda, até que o sinal para o intervalo soou por toda a escola.
O garoto se levantou de sua carteira fazendo bastante barulho. Ele foi se aproximando de Jeanine, que pareceu ter um lapso de nervoso ao notá-lo vindo em sua direção.
- Jeanine. Eu preciso te contar uma coisa enquanto ainda sou eu – ele disse. – Olhe para mim. Olhe para meus olhos.
Ela levantou a face lentamente, e quando fitou o garoto na íris se espantou. Eram vermelhas como as suas. A respiração dela se tornou ofegante.
- Fique calma. Fique calma.
- Você também entrou? Você tem um espelho? – ela perguntou, como se as palavras escorregassem boca a fora.
- Não. Pior que isso. Eu sou o coelho branco – ele sussurrou.
A frase teve o efeito sobre Jeanine igual ao que um soco teria. A boca da garota abriu em exclamação.
- O que? O que? Eu... – ela gaguejou.
- Escute. Quando entramos no país das maravilhas, nós baixamos em “nós mesmos” daquela dimensão. O meu eu do país das maravilhas é o coelho branco e assim como posso ir até lá, ele pode vir até aqui através de mim – ele contou, o que a deixou mais surpresa. – O mais longe que pude descobrir foi que a rainha quer dar um chá, mas vocês não podem bebê-lo e vocês não podem confiar em ninguém além do gato.
- Que? – ela o interrompeu.
- Não fale, apenas escute. O gato me contou que vocês vão conversar com a lagarta e descobri que ela não trabalha nem para a rainha, nem para vocês. Ela está do lado de quem pagar melhor. Leve isso para ela – o garoto disse, colocando sua mão no bolso e tirando dela um charuto, que colocou em cima da carteira da jovem. – Não confie em mim, apenas em meus e-mails, porque quando o coelho assume, ele não sabe de tecnologia.
- Mas porque o coelho viria para cá e deixaria você assumi-lo lá? – Jeanine questionou.
- Para investigar... Ai! – Robert gemeu. – Ele está voltando. Tenha cuidado!
A garota levantou-se e agarrou o charuto mais que depressa. Ela abriu a bolsa e o jogou lá dentro. Quando se virou novamente viu que seu colega a encarava estranhamente com a íris negra.
- Jeanine... Jeanine.
- Robert – ela gaguejou.
Ele voltou á sua carteira sem tirar os olhos dela.

Caroline e Emily esperavam na biblioteca juntas á Edgard, que lia um exemplar de “Alice no País das Maravilhas” enquanto ambas estavam nas últimas páginas de “Alice Através do Espelho”. Jeanine entrou no local e começou a olhar por toda parte procurando por eles, e quando os encontrou nas confortáveis poltronas perto das janelas, andou apressadamente em sua direção.
- Que bom que receberam meu recado – sussurrou.
Os três abaixaram os livros ao colo.
- O que aconteceu? – Emily questionou.
- O Robert veio conversar comigo. Ele também tem os olhos vermelhos! – a garota disse, fazendo com que todos arregalassem os olhos de surpresa. – E lembra daquele site que a gente viu Amy? Que quando sonhamos nos desligamos desse mundo e nos conectamos em outros “nós” em outro mundo?
- Sim, lembro – a jovem confirmou.
- O outro Robert no país das maravilhas é o coelho branco. Ele não está do nosso lado, ele trabalha para a rainha e vem neste mundo para nos investigar.
- Como?! – Carol perguntou, mais soando como uma exclamação.
- Sim, sim – Jeanine falou, abaixando seu tom de voz. – Ele disse que faz investigações por lá, disse que durante o chá, não podemos beber nada e que para conversar com a lagarta a gente deve dar isso á ela – a garota explicou, retirando o charuto da mochila.
Os três sentados nas poltronas estavam boquiabertos.
Logo que a garota explicara que Robert poderia se comunicar com eles através de e-mails, subiram ao segundo andar da biblioteca, onde tinham acesso á internet e lá entraram na caixa eletrônica dela. Enquanto a página carregava, ficaram todos ansiosos e agitados.
- Olhem! Tem uma mensagem dele! – Jeanine disse, quase aos gritos.
Abriram a mensagem, que não nomeava assunto, contendo apenas uma frase.
“Quebrem o espelho do coelho.”
- Céus! – Emily deixou-se dizer involuntariamente.


..::Continua::..