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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Capítulo XIX ..::O Chamado ao Chá::..



Edgard dormia, mesmo assim estava com a lanterna e as pilhas no bolso do pijama e o estilete guardado na meia de seu pé direito. Estava uma noite chuvosa e hora ou outra ele acordava com as fortes trovoadas.
Algo no ar dizia a ele que aquela seria a noite do chá. Sua desconfiança aumentou quando Jeanine apareceu na porta de seu quarto.
- Posso dormir aqui com você? – ela pediu. – Estou morrendo de medo, tem algo de errado no ar – disse, como uma criança que pede para dormir com seus pais em noites chuvosas.
- Claro, claro. Eu também estou com um mau pressentimento.
- Você acha que hoje vamos ser chamados para o chá? – a garota questionou.
- Estou começando a acreditar que sim – ele contou.
Jeanine se aproximou e se aconchegou entre os cobertores do irmão. Logo ambos estavam dormindo. Edgard acordou algum tempo depois, após um pesadelo. Algumas pessoas acordam de pesadelos, mas nem lembram os que as assustou tanto durante sonho, não era o caso de Edgard.
Enquanto dormia, ele viu Carol andando por um tabuleiro de xadrez gigante. As peças se moviam rapidamente e ela desviava com muito pesar, pois uma estranha, forte e densa neblina pairava aquele lugar. Edgard gritou ao longe, mas a garota pareceu não escutar. Um raio cortou o céu, mas o trovão não fez seu estrondo de costume, mas sim uma voz aguda que gritava: “Cortem-lhe a cabeça!”.
Foi nesse momento que o garoto se viu de olhos abertos encarando o coelho branco na porta entreaberta de seu quarto.
- Jeanine? – chamou. – Jeanine, o coelho está aqui.
Ela abriu os olhos lentamente e abafou um gritinho com a mão.
- Acho que vocês já sabem, certo? É hora de me seguir e não há como evitar – o coelho ameaçou. – ou vocês vêm por bem, ou vão por mal.
Os irmãos levantaram-se lentamente e foram seguindo o coelho para fora da casa. Não estava mais chovendo, no lugar da chuva havia um estranho nevoeiro noturno que os dificultava a visão do caminho.
- Será que os outros já foram chamados? – Jeanine questionou baixinho para o garoto.
- Não sei – ele cochichou de volta.
- Sim. Os outros já estão lá embaixo de minha toca esperando por vocês.
- Na fortaleza das portas? – Edgard questionou.
- Sim – o animal respondeu seco.
Jeanine assombrava-se pela lembrança do coelho branco pulando em sua direção com a tesoura, pronto para encerrar com sua vida. Por isso ela permanecia atrás de seu irmão, sem largar as mãos de seus ombros.
Logo estavam na praça e Edgard avistou a árvore com a toca entre as raízes. O coelho entrou sem pestanejar, e os irmãos seguiram-no.
- Fique calma Jê, vai dar tudo certo, tudo certo – ele disse á garota, que estava com os olhos marejados com o medo.
- Ta.
- Você escorrega primeiro.
Jeanine aproximou-se da toca, com as mãos e as pernas trêmulas. Colocou as pernas para dentro das raízes e escorregou pelo buraco. Edgard fez o mesmo, porém com maior rapidez, pois se lembrava bem dos armários de geléia caindo atrás de si.
Caíram por longos minutos, que pareciam ainda maiores com a ansiedade da queda.
Ele caiu entre as folhas secas e lá ficou atordoado por pouquíssimos segundos. Levantou-se ainda com a cabeça girante e se atirou no corredor, sendo iluminado por diversas lanternas.
- Você está bem? – Emily acudiu.
- Sim. Estou.
- Então está na hora do chá – o coelho disse. – Sigam-me – chamou.



..::Continua::..

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