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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Capítulo XLIII ♥ ♠ Respostas e fumaça ♣ ♦

Emily se aproximou da borda do gigante cogumelo em que se encontrava.
- Nós temos um presente, mas não sei quantas perguntas ele vai valer – disse. – Analise esse charuto e diga quantas perguntas podemos fazer.
A garota fez um sinal à David, que se aproximou também, retirando o charuto de seu bolso. Ele retesou o braço e arremessou o pequeno objeto o mais longe que pôde. Uma gigantesca e esquelética mão ergueu-se e agarrou o fumo, logo em seguida o crânio surgiu novamente entre a fumaça. A mão se aproximou do mesmo, como se a lagarta o estivesse analisando.
- Sim, é isso. Acho que, por esta raridade, duas perguntas. Seriam quatro, se ele já não tivesse sido usado – a criatura falou calmamente.
- O que acontece quando um fragmento da Alice morre? – Amy indagou com a voz alta e trêmula, temendo a resposta.
A lagarta suspirou. A fumaça começou a se afastar, conforme um corpo rastejante ergueu o crânio. As mãos da criatura pousaram sobre o cogumelo, o que fez com que Emily se afastasse, desviando dos dedos, que aparentavam ter em torno de dois metros.
A caveira foi deixada sob o centro do cogumelo, e todo o resto foi se transformando, como se estivesse sendo absorvido pelo chão, primeiro pegando a cor da superfície em que tocava até desaparecer, como mágica.
Os jovens trocaram olhares assustados. Aquele pesadelo parecia nunca acabar.
O pedaço de esqueleto era maior que três deles juntos, como se os garotos tivessem o tamanho de meros insetos. Do orifício esquerdo em que se encontra o olho, surgiu uma lagarta, que arrastava consigo um narguilé azul. Vagarosamente seu corpo se locomovia sob a superfície do crânio até alcançar seu topo, onde ela se alojou e passou a tragar do objeto que carregava, liberando a fumaça um bom tempo depois.
- Quais serão suas perguntas, então? – a criatura disse, baforando fumaça nos jovens.
- Eu já disse! – Emily retrucou entre tossidas. – O que acontece quando um fragmento da Alice morre?
- Isso depende – respondeu, tragando novamente.
Ficaram encarando a lagarta em silencio.
- De que? – Natalie questionou.
- Se houver um fragmento receptor, todos os outros vão até ele, e uma vez completo... – tragou. – Bem, vocês podem imaginar.
- Mas o que acontece? – Carol indagou irritadiça com a fumaça.
- Não posso dizer – a criatura respondeu calmamente. – Vocês já fizeram suas duas perguntas.
- Não! Fizemos apenas uma! – Edgard protestou.
- Não, vocês fizeram duas. O que acontece com os fragmentos, e do que isso dependia. – o estranho inseto falante explicou.
Amy encarou o ser com pesar. Seu olhar voltou-se para os outros garotos, que deram de ombros.
- Ótimo! – ela começou, voltando a visualizar a lagarta em cima do crânio. – Se você quer trapacear, por mim tudo bem! Trapaceando até mesmo eu conseguiria charutos!
- Então trapaceie! – o inseto riu.
- Me desculpa, estou em outro nível – ela devolveu.
Emily virou-se, com os dedos cruzados para que sua idéia funcionasse, deu passos lentos e firmes até seus amigos até que a criatura a interrompeu com um grito:
- Tudo bem, tudo bem! Eu respondo outra! – a lagarta baforou.
Amy sorriu por um segundo, depois ficou séria para que a criatura não percebesse e voltou para próxima ao crânio.
- Quem é aquela menina que parece a Alice? – disse de uma vez, quase que atropelando as palavras com o nervosismo.
- Ela é outro fragmento da Alice, porém ela é um fragmento diferente – começou. – Enquanto cada um de vocês ficou com uma das características da personagem, como por exemplo, a curiosidade, a sinceridade, a esperteza, a teimosia, entre diversas outras, ela é o fragmento que ficou com todas as coisas ruins. Toda a perversão do conto, todo o horror envolvido, a confusão, a tristeza, ficaram nela, portanto ela seria, no mundo de vocês, como eles dizem mesmo?
- Psicopata? – Natalie disse em tom de pergunta.
- Mais nenhuma pergunta para vocês – a lagarta encerrou, dando uma ultima tragada e depois entrando no crânio através do orifício do olho, de onde saiu fumaça após alguns segundos.
- Melhor irmos, temos um cogumelo para encontrar! – David chamou, enquanto Emily se afastava.
Os jovens começaram a andar, rumando a um estranho brilho ao longe.

♥♠♣♦

Continua

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