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domingo, 21 de março de 2010

Capítulo XXXV ♥ ♠ O Mensageiro Real ♣ ♦


Emily vagava pelas vazias ruas noturnas sem companhia alguma. O silêncio tomava conta da cidade.
A garota sentia muita dificuldade em enxergar o caminho à sua frente, pois as ruas estavam apenas levemente iluminadas por postes de uma fraca luz amarelada. Ela ainda carregava consigo a lanterna e as pilhas, as quais salvaram sua vida e as de seus companheiros uma vez.
Em mãos, ela estava com um mapa impresso. Emily havia tirado uma foto dos mapas sobrepostos, e a imprimiu após passar para o computador, tudo no maior silêncio possível para que seus pais não percebessem.
Parou em frente a uma locadora de filmes e CDs de música que havia lá no bairro. Segundo seu mapa, tocando seu espelho naquele ponto, ela estaria logo na floresta do gato.
A jovem se retesou. Seu coração batia rápida e intensamente, tão intenso que Amy podia quase ouvir nitidamente cada pulsação.
De leve, ela foi aproximando o toque ao seu reflexo. Fechou os olhos, amedrontada, até que os dois estivessem juntos. Seus dedos lançaram-se firmes ao espelho.
Um terrível cheiro putrefato invadiu as narinas de Amy. Lentamente seus olhos foram se abrindo novamente, dando lugar a uma terrível expressão de medo. Ela nada enxergava ainda. O local onde estava era tão escuro quanto uma floresta nunca seria, portanto seu plano havia dado errado.
Rapidamente suas mãos buscaram a lanterna, acesa ás pressas. Conforme a luz invadia o local, Emily enchia-se com o pavor. Um intenso arrepio cortou-lhe a espinha.
Aquela parecia ser uma câmara de tortura. Havia diversos maquinários tortuosos por todo o local.
Apavorada, a garota começou a procurar por uma porta. Sua lanterna movia-se ligeiramente através daquele lugar, iluminando, por vezes, diversos objetos pontiagudos, camas de madeira cheias de manivelas, cadeira com espinhos por toda superfície, baldes, estacas...
- A porta! – Emily pegou-se a exclamar. Seus passos foram apressados até a porta, porém ela parou repentinamente. Ouvia grunhidos e gritos que pareciam se aproximar cada vez mais daquele ambiente.
A jovem desesperou-se. Suas pernas estavam amolecidas, e lágrimas corriam por seu rosto. Ela logo iluminou um grande sarcófago entreaberto. Seu interior era repleto de espinhos, mas ela tinha espaço suficiente para se esconder lá.
Sentou-se, abraçou os joelhos e desligou a lanterna. A porta se abriu e uma intensa gritaria começou.
“Eu não deveria ter vindo! Péssima idéia! Péssima idéia!” ela repetia insistentemente em sua mente enquanto os gritos se tornavam cada vez mais altos.
- Não se esqueça de colocar um balde aqui e outro por aqui – ouviu a voz da Duquesa.
- Sim, senhora – a cozinheira respondeu.
Emily continuou escutando gritos após gritos. Logo ouviu o baque da porta fechando. A Duquesa ria histericamente, e foi seu riso que indicou á jovem que ela estava ficando cada vez mais distante.
A garota ligou a lanterna e deixou o sarcófago. Iluminou a origem dos gritos e viu um estranho sapo meio homem todo nu, amarrado de maneira suspensa no ar. Abaixo dele havia uma pirâmide de metal encaixada em seu reto.
- Menina! – disse a criatura, em sofrimento.
- Oh, céus! – Amy exclamou. – O que eu devo fazer?
- Você não pode fazer nada. Isso é muito pesado para que remova sozinha. É você um dos tais fragmentos de Alice que todos estão falando tanto? – o sapo indagou, passando sua fina e longa língua pelos lábios secos.
- Sim. Mas como ficaram sabendo? – a menina questionou.
- A Rainha Vermelha procurou a lagarta! Escute garota, vá antes que a Duquesa volte. Talvez vocês sejam realmente nossa única esperança nesse mundo de horror! Uma nova batalha de xadrez está para começar – a criatura falou.
Emily passou a mão por suas bochechas, enxugando suas lágrimas. Ela estava apavorada.
- Vá! Rápido! A Duquesa logo virá com o outro mensageiro real.
- Mas porque ela está fazendo isso com vocês? – Amy indagou.
- Viemos dar a notícia que ela havia sido convocada para a batalha. Ela não ficou feliz com isso. Pare de conversar comigo e vá, menina! – o sapo disse pouco antes de soltar um intenso berro de dor.
Rapidamente a garota foi até a porta e saiu. Estava em um longo corredor com um tapete vermelho ao chão.
A garota logo reconheceu onde se encontrava através dos quadros que estavam pendurados pelas paredes.



♥ ♠ Continua ♣ ♦


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Notas do autor:

(...)amarrado de maneira suspensa no ar. Abaixo dele havia uma pirâmide de metal encaixada em seu reto.(...)

Essa forma de tortura é chamada de "Berço de Judas" e realmente era muito usada em tempos medievais.


(...)Ela logo iluminou um grande sarcófago entreaberto. Seu interior era repleto de espinhos, mas ela tinha espaço suficiente para se esconder lá.(...)

Sarcófagos eram usados também como tortura. Seus espinhos eram colocados de maneira a não perfurar os órgãos vitais, prolongando a agonia do torturado. Ele podia ser aberto sem que a pessoa dentro dele escapasse, assim, quando fechado novamanete, os espinhos entrariam pelas mesmas feridas antes feitas.

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