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domingo, 7 de março de 2010

Capítulo XXXIV ♥ ♠ O Plano de Despistar ♣ ♦


- Mas ainda tenho que conversar com o gato! Antes que algo possa ocorrer com Bill – Emily disse monótona.
Os outros dois olharam assustados para a garota.
- Emily, acho melhor você não fazer isso. É muito perigoso! – Edgard protestou.
- Talvez. Mas é a vida de uma pessoa que está em jogo. Os riscos que assumo correr por vocês não são os mesmos que eu correria por ele, uma pessoa que mal conheço. Se dissesse o contrário, estaria mentindo, mesmo assim...
- Ele ainda é uma pessoa – Jeanine esforçou-se em dizer, completando o pensamento de Amy.
- Tá, então qual é seu plano? – Ed. indagou seriamente.
- Peguem para mim o livro da “Alice no País das Maravilhas” – Emily pediu, já sabendo que eles estavam com uma versão emprestada da biblioteca a longo prazo.
Sem demora, o garoto levantou-se com muito pesar, pois seu corpo ainda sofria as conseqüências tristes da carta do Grifo. Enxugando o rosto com a costa de sua mão, ele abriu o guarda-roupa e retirou dele sua mochila escolar, onde estava guardado o exemplar. Assim que o retirou de lá, entregou para Emily.
A jovem pegou o livro e o folheou por alguns instantes, parando para ler alguns trechos. Edgard sentou-se na cama e segurou carinhosamente a mão de sua irmã.
- Isso tudo está se tornando muito, muito perigoso – não se conteve em dizer.
- Aqui! – Amy exclamou assim que o rapaz acabara de se pronunciar. – O gato faz sua primeira aparição na casa da Duquesa, mas apenas conversa com Alice depois, quando a menina adentra a floresta, que deve ser a que estávamos assim que saímos do chá da Rainha – ela explicou pouco antes de fechar o livro e entrega-lo de volta para Ed.
- Certo – o garoto falou.
- Então preciso ir para minha casa para ver no mapa em qual lugar da cidade devo tocar o espelho para falar com o gato – ela explicou.
- Mas isso é muito complicado de se fazer a essas horas! Sem falar que nossos pais estão todos bem de olho em tudo que fizermos – Edgard objetou. – É melhor você fazer isso tudo amanhã á tarde – sugeriu.
- Até lá Bill pode já estar morto. Não conhecemos as maluquices desse mundo, só sabemos que ele foi esfaqueado, o corte não pegou nenhum órgão, e mesmo assim ele está piorando de situação lá no hospital – disse, com a voz trêmula.
- Nós precisamos despistar nossos pais, mas como? E como podemos fazer isso a essas horas da noite? – o rapaz questionou.
Logo houve um barulho de carro e uma buzina, que Amy logo reconheceu. O ranger do portão se abrindo e de passos apressados anunciava a chegada dos pais dos garotos. A rapidez com que tudo isso aconteceu apenas deu tempo de Emily falar:
- Eles vão me levar embora, finjo que durmo e durante a noite vou até a locação.
A porta se abriu e a mãe da garota entrou com uma careta muito grave de preocupação e foi dar um longo abraço choroso na filha.
- Filhota, o que está acontecendo? – perguntou.
Os pais passaram algum tempo conversando na cozinha enquanto os garotos apenas se lançavam olhares exaustos. Logo, Amy foi embora e Jeanine com Edgard voltaram ao quarto após despedirem-se da garota no portão.
Ambos se deitaram um encarando o outro e se abraçaram.
- Como isso tudo pode não afetar nossa vida normal – Jeanine questionou.
- Eu estava errado. Mesmo assim será muito bom para eu e para a Carol o encontro de depois de amanhã – contou.
- Em tempos assim, como você pode pensar em namorar? – a jovem tornou a indagar.
- Não estou pensando em namorar, só que eu e ela precisamos conversar melhor sobre o que aconteceu no dia dos cogumelos – explicou.
- Me parece conversa furada – a garota retrucou.
- É, mas você só diz isso porque não foi com você que aconteceu isso – Edgard disse, com tom de provocação.
Jeanine afastou-se um pouco do irmão para poder encará-lo melhor, enquanto dizia:
- Aconteceu sim. Esqueceu de tudo que lhe contei sobre o Robert, de como entrei no País das Maravilhas?
- Então. Se você tivesse a oportunidade de conversar com ele sem a dúvida de ser o coelho branco ou não, vai dizer que você não iria tirar essa história toda a limpo e perguntar se quem a beijou foi realmente ele ou o coelho – ele retrucou.
- É. Isso é verdade – a irmã concordou. – Ai. Espero que Emily consiga fazer tudo certinho. Me dói muito pensar em você, ela ou a Carol machucados como o Bill – disse tristonha.
- Eu sei. Eu sei – o jovem falou. – Também não quero que nada aconteça a vocês três.
- Ás vezes sinto que isso tudo é um grande sonho e que podemos acordar caindo da cama a qualquer momento – Jeanine pronunciou com os olhos marejados. – Você também sente isso?
- O tempo todo. E torço para que acorde e que tudo não tenha passado de um grande e péssimo pesadelo.
Os dois permaneceram em silêncio por longos mitos até que seus olhos foram ganhando peso.
- Boa noite pato – Jeanine disse com os olhos já fechados e um leve sorriso tristonho na face.
- Boa noite pingüim – Edgard respondeu em tom nostálgico, lembrando dos tempos de criança, época em que os dois tinham se apelidado dessa forma.
Depois de algum tempo ambos dormiram.
Edgard estava com o sono agitado. Ele se movia desesperadamente na cama. O suor começava a escorrer em sua testa e por mais que ele se esforçasse em mente, não conseguia acordar.
Estava sonhando novamente com o tabuleiro de xadrez. Carol estava parada bem ao centro e uma fina voz ecoava por todo o local como um trovão:
- CORTEM-LHE A CABEÇA!
Diversas facas voavam na direção da garota, que chorava desesperadamente. Ao olhar na direção em que o som começou a se propagar, ele viu a silhueta de uma menininha, e atrás dela, uma estranha forma foi surgindo.
A figura revelou aos poucos, enquanto se erguia atrás da criança, um tenebroso par de chifres e asas com o formato igual ás que possuem os morcegos.



♥ ♠ Continua ♦ ♣

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