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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Capítulo XXXII ♥ ♠ Triste Retorno ♣ ♦



Emily estava novamente na região montanhosa. Ela mal conseguia enxergar com a ventania – que parecia mais forte que outrora. Estava com um medo infinito de cair, e os ventos pareciam a controlar.
Suas pernas se moviam com muito pesar. Ela colocou o braço na frente do rosto para poder ver, e assim encontrou a entrada para a caverna do grifo logo á sua frente. Entrou o mais rápido que o forte vento permitiu.
O lugar parecia morto. Emily olhou para a escadaria, que sumia na escuridão. “O que ou vou fazer agora?” ela pensou, já revirando os bolsos procurando sua lanterna.. Olhou para os lados, e um dos quadros entre a hera da parede, chamou-lhe a atenção.
Ela afastou os ramos da planta e agarrou uma moldura, que carregava dentro de si o desenho de uma lamparina, que brilhava fortemente. “Pensei que era a luz de lá de fora... Agora pelo menos economizo pilhas, sem falar que ilumina melhor que a minha lanterna”. Disse para si.
Com o quadro debaixo do braço, foi descendo as escadarias. Aquele lugar pareceu-lhe mais frio que da ultima vez que o visitara. Mais alguns conjuntos de degraus e logo estava onde haviam encontrado o grifo pela primeira vez, mas nada havia lá.
- Grifo, você está aí? – a menina disse timidamente.
Olhando o lugar, ela observou que havia em espaço em relevo para um quadro do exato tamanho que ela segurava. Para teste, Amy encaixou a figura na saliência, o que fez com que diversos outros quadros de lanternas passassem a iluminar a caverna circular. Isso fez com que Emily visse que, entre duas rochas em um canto, havia um estranho ninho feito de galhos, que se intercalavam firmemente. Dentro deste, haviam folhas secas e ervas, com algo entre, que a garota apenas pôde ver após agitar o conteúdo do ninho.
Eram três ovos. Ovos bem redondos, que mais pareciam bolas de ping pong do tamanho de maçãs.
Assustada, e sem deixar de encarar o chocante desconhecido, ela também viu mais uma coisa no meio das folhas e ervas, e estendeu seu braço para agarrar um grosso papel pardo, escrito com letras muito bem desenhadas.
Era uma carta. Conforme lia, lágrimas corriam pelo rosto de Emily, enquanto ela soluçava. Seus olhos estavam tão carregados que mal podia ler.
Após terminar, uma onda de fraqueza subiu pelas pernas de Amy, o que fez com que ela caísse no chão, aos prantos.
- Gato? Gato? – gritou repentinamente, torcendo para que o animal aparecesse.
Seu plano era o de pedir ao grifo que a levasse até o felino, porém agora não iria funcionar. Sem raciocinar com muita clareza, Emily apenas conseguiu pensar em voltar para sua casa e deixar a conversa com o gato para depois. E assim deixou o espelho ao chão e tocou levemente seu reflexo, segurando a carta já meio amassada na outra mão.
Levantou-se em seu quarto e logo saiu de sua casa, carregando conssigo a carta e o espelho. Corria triste pela rua, na direção da casa de Jeanine. Seu coraçãozinho batia fortemente no peito, tão forte que Amy quase podia ouvir cada batida. Ouviu sua mãe gritando algo, porém não conseguiu distinguir as palavras, apenas corria, sem muito controle de si.
Correu sem parar por volta de vinte quadras, até que chegou ao portão da casa de Edgard e Jeanine.
- JEA! ED? JEAAA! – gritava a plenos pulmões.
Os dois irmãos surgiram, assustados, na porta, seguidos por uma mãe ainda mais assustada ao telefone.
- Emily, o que foi? Sua mãe ligou aqui, está conversando com a minha até agora! – Jeanine disse, abrindo o portão, enquanto a outra jovem respirava ofegante, aos prantos.
Entraram todos. Os garotos foram logo ao quarto da jovem.
- Mãe, traga um copo de água com açúcar para ela – disse Edgard.
Sentada na cama, e com os cabelos acariciados pela amiga, Amy começou a se acalmar. Os dois irmãos logo expulsaram a mãe da conversa, mas sabiam que ela escutava tudo do outro lado, preocupada não só por si, mas pelos pais de Emily também. Como sabiam que ela nada iria entender, conversavam sem hesitação.
- O que aconteceu? O que aconteceu quando você entrou dessa vez? – Jeanine indagou.
Emily chorava e soluçava que mal conseguia falar, porém logo as palavras saíram de sua boca como chicotes e atingiram os outros dois como um forte soco no estômago:
- A Rainha descobriu que o grifo despistou o exército dela. Ela decapitou o grifo.


♥ ♠ Continua ♣ ♦

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Capítulo XXXI ♥ ♠ Decisões, Difíceis Decisões ♣ ♦


- Escuta, Carol. Acho que a gente precisa conversar. Não falamos mais no que aconteceu desde os cogumelos brilhantes e acho que a gente deveria resolver isso – Edgard começou, com um calafrio gélido na barriga, e o coração disparado.
Caroline apenas balançava a cabeça positivamente. O garoto começou a gaguejar, com a voz trêmula.
- Eu gostei de você desde que te vi pela primeira vez. Você é bonita inteligente e...
- Calma. Eu também gostei de você desde a primeira vez que olhei para seus olhos – ela admitiu, o que fez com que as pernas de Edgard fraquejassem.
- Você... Você quer ir comigo no cinema do shopping? – Ed. disse quase atropelando as palavras com o nervosismo.
- Eu nem sei o que falar. Eu acho que isso tudo do País das Maravilhas é grave demais para a gente ficar fingindo que está tudo bem e sair passear como se nada estivesse acontecendo – Caroline explicou.
- A gente não precisa fingir que nada está acontecendo. Só que eu acho que a vida continua, então não podemos viver só em função disso, sabe? – o garoto falou, tímido.
Os dois ficaram se encarando nos olhos por alguns segundos. Seus rostos foram se aproximando e seus lábios se encontrando em um longo e apaixonado beijo, que atraiu a atenção dos outros jovens exceto Natalie, que estava ocupada demais com sua mãe.
Afastaram-se e continuaram se encarando por mais alguns instantes, de mãos dadas.
- Tá. A gente vai. Amanhã vemos os horários do cinema e combinamos de ir – Carol concordou.
Nesse momento a mãe e o pai de Edgard e Jeanine entram pela porta do hospital, ambos com uma feição grave de preocupação. Os dois jovens se soltam e Ed. olha assustado aos pais.
Assim foi chegando o resto, e a confusão estava formada. Foi contada a versão que David sugerira, e assim os pais decidiram entre si que fariam um boletim de ocorrência, porém em geral, todos estavam muito confusos em relação ao que fazer diante daquela situação crítica.
Bill não estava nada bem. A facada da cozinheira não havia atingido nenhum órgão, mas Emily desconfiava de algo que haveria na lâmina.
Com toda aquela confusão, a garota chegou em casa quando já havia anoitecido, e foi logo para seu quarto, onde pegou o celular de uma das gavetas e ligou para o número de Jeanine. Não demorou muito e a outra jovem atendeu:
- Alô?
- Jeanine? – Emily chamou.
- É, sou eu mesma.
- Escuta. Meus pais não vão me deixar dormir na sua casa hoje, com certeza, mas eu preciso voltar para o País das Maravilhas o quanto antes para conversar com o gato – ela explicou.
- Emily, é muito perigoso e você sabe disso melhor do que eu – a garota disse com uma voz muito grave e depressiva do outro lado da linha. – É melhor você não fazer isso sozinha.
- Eu sei. Mas acontece que estou achando que, pelo que o doutor disse, tinha alguma coisa na lâmina da faca da cozinheira – contou. – Então vou lá conversar com o gato para ver se foi isso mesmo que aconteceu e se tem alguma coisa que a gente possa fazer.
- É muito arriscado! – Jeanine choramingou.
- É, mas lembra que o médico disse que Bill estava piorando? – Emily indagou. – Não tem erro. Eu vou, converso com o gato e volto logo em seguida pra gente solucionar isso.
- Amy. Tenha muito, muito cuidado. E assim que voltar, me liga, pelo amor de Deus! – a garota pediu, quase caindo no choro.
- É uma promessa. Até depois – e desligou, antes que Jeanine a convencesse a não ir.
A jovem parou por alguns instantes, olhando para os mapas contrapostos na janela, pensando no estado de Bill, e no fato que ele poderia morrer. Seus olhos marejaram quando ela lembrou de tudo o que acontecera em sua ultima desventura no País das Maravilhas, e no que aconteceria ao colega e qual seria sua conseqüência àquele lugar.
Angustiada, Emily foi até sua mochila e agarrou seu espelho. Pensava em entrar lá mesmo, pois acabaria nas montanhas e pediria ajuda ao grifo para encontrar o gato. Tomada pelo medo, a garota retesou-se a tocar seu reflexo, enquanto Jeanine chorava de preocupação, abraçada á Edgard, em seu quarto.



♥ ♠ Continua ♣ ♦

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Capítulo XXX ♥ ♠ Hospital ♣ ♦


Emily estava saindo da sala do médico, ainda assustada com tudo que lhe havia acontecido, porém seu alívio era o de não precisar engessar seu pé.
A garota mancava por longos corredores de piso acinzentado e paredes verde-azuladas e brancas. O hospital era cheio de portas, e ás vezes, pessoas passavam por ela, algumas com crachá de visitantes e outras vestidas de branco.
Ela desceu dois andarem em um pequeno e apertado elevador, e ainda teve que passar por dois conjuntos de escadas, mas não o fez com muito pesar, pois seu tornozelo já estava muito melhor.
Adentrou um ultimo – e longo – corredor. Ao final, atravessou a porta, visualizando uma imensa sala de espera cheia de cadeiras paralelas a um balcão. Andou até os cinco jovens que aguardavam sentados pacientemente, todos ainda assustados.
Sentou-se na cadeira ao lado de Edgard, que conversava com Natalie, tentando acalmá-la. A outra garota estava aos prantos, chorando sem parar.
- O que vamos dizer para todo mundo? – Amy se indagou.
- É verdade. O que a gente vai falar para as pessoas? – David disse. – Não deveríamos ter vindo para o hospital. Vão fazer muitas perguntas.
Emily suspirou, curvando-se para frente enquanto massageava a raiz dos cabelos com a ponta dos dedos.
- Dizemos que encontramos ele assim na rua. Estava amanhecendo e eu resolvi caminhar com vocês pela praça esse fim de semana. Combinamos pela internet de nos encontrar na frente biblioteca e no caminho a gente resolve ir embora porque torci o pé, e aí encontramos Bill, que só descobrimos o nome por causa do David – ela falou.
- É. Me parece bem plausível. Eu pelo menos acreditaria em uma história dessas, vocês não? – Carol perguntou aos outros, que assinalaram positivamente com a cabeça.
- É, só tem um problema, por que eu nunca falei de vocês para meus pais. Eles vão perguntar – David argumentou.
- Isso é verdade – Amy disse, já começando a raciocinar novamente. – Nos conhecemos há pouco tempo, eu, você e a Natalie, no shopping, aí eu combinei com vocês essa caminhada para apresentar meus amigos.
- É, mas não fica estranho... Uma caminhada para apresentar amigos? – o garoto retrucou.
- Fica, mas somos pessoas saudáveis, então vocês gostaram da idéia de caminhar – Emily devolveu.
David levantou uma de suas sobrancelhas e foi logo dizendo:
- Caminhada para apresentar amigos, e a gente sai sem falar nada.
- Esqueceram! – a garota falou, já irritada. – Esqueceram de contar e pronto!
- Estamos ferrados. Nunca vão acreditar que todos nós esquecemos assim... Todos ao mesmo tempo e a mesma informação – ele continuou.
- Ah, então conte sobre o País das Maravilhas para eles e mostre o espelho como prova! Vão acreditar tanto em você que te dariam um sossega leão e te internariam como louco – Emily cochichou, com uma careta enraivecida.
- Falamos simplesmente que acordamos lá com o Bill esfaqueado, e não nos lembramos de nada. É muito melhor que essa historinha sua e mais difícil da gente se contradizer – David sugeriu.
A garota recostou-se à cadeira, cruzando os braços, enquanto falava:
- É. Pode ser. Mas se começarem a nos investigar achando que isso é uma mentira, quero só ver o que você vai fazer.
- Não acreditariam na verdade, como você mesma disse. No máximo pensariam que somos drogadinhos e boa. Como não somos, então não tem como provarem isso – o garoto disse, franzindo a testa.
Emily levantou-se, bufando.
- Moleque chato! – reclamou, enquanto mancava até o bebedouro.
Edgard olhava ao infinito, maquinando, durante um longo minuto de silêncio, onde somente era possível escutar aos soluços de Natalie. Logo, o garoto pareceu ficar nervoso, por causa de sua expressão, pouco antes de gaguejar para Caroline:
- Carol. Será que não poderíamos conversar em particular?
- Claro – a garota respondeu, já se levantando.
Ele também se levantou, e assim seguiram para outro canto da sala de espera, porto de um grande vaso com uma planta estranha.
Pouco depois a porta se abriu abruptamente e uma mulher com o mesmo jeito e a mesma feição, porém envelhecida, de Natalie, entrou, aos prantos.
- Nat, filhota! Você está bem, graças aos céus! – chorou, correndo na direção da garota.
- Mãe! – ela gritou com o rosto vermelho e todo molhado com suas lágrimas, levantando-se e correndo na direção da mulher, abraçando-a.
Jeanine foi até Emily, que lentamente bebia água em alguns copos descartáveis.
- Amy... Acho que já sei o que perguntar para a lagarta com o novo charuto que vocês acharam – a garota disse, já desacelerando e parando o caminhar do outro lado do bebedouro.
- O que foi? – a outra jovem disse distraída.
- Você não contou no caminho pra cá, que tinham achado outro charuto e tal?
- Sim. É. É isso mesmo – Emily respondeu.
- Então, me veio uma dúvida e acho que já sei o que perguntar para a lagarta – Jeanine contou.
- Eu sabia que você estava quieta demais! Então, qual é a idéia? – a garota sorriu.
- O que será que acontece se um dos fragmentos da Alice morre?




♥ ♠ Continua ♣ ♦

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Capítulo XXIX ♥ ♠ Retorno ♣ ♦


Os jovens corriam e corriam. A respiração de David ofegava muito, e mesmo assim tentava manter o ritimo carregando o colega de infância ferido ao colo.
As árvores começaram a se apresentar mais distantes umas das outras. A floresta foi se tornando menos densa, até que chegassem a uma clareira, onde ao longe podia ser vista uma bela casa com um muro baixo, que mostrava uma pequena horta. Em frente á casa os outros três fragmentos aguardavam em pé.
Ao notar a precariedade do caminhar do grupo, Jeanine, Edgard e Carol correram na direção dos jovens, enquanto David fazia o máximo de força que conseguia, com suas energias já quase esgotadas, tentando se manter em pé.
- Oh, minha nossa! O que aconteceu com vocês? – Jeanine questionou, já ajudando Natalie a carregar Amy,
Edgard correu logo em direção ao outro garoto, tomando Bill em seus braços, enquanto David caiu exausto na grama.
- É uma longa história. Esse lugar está pior que imaginávamos! – Emily afirmou, enquanto Carol levantou e jogou o braço do fragmento caído por cima de seu ombro. – Qual seu plano?
- É o seguinte – começou. – Lembra que o Robert falou que deveríamos quebrar o espelho do coelho? – Jeanine indagou.
- Sim, lembro. – Amy respondeu.
- Então eu pensei em vir aqui na casa do coelho branco procurar pelo espelho, já que ele não estava carregando nada quando foi nos buscar – explicou.
- Mas e se ele estivesse com o espelho em algum bolso do colete? – Emily não se conteve em perguntar.
- É. Tá. Foi um tiro meio que às cegas. Mas acho que a gente só tinha isso de pista para sair daqui – disse, ainda assustada com a situação dos jovens. – E depois, eu estava certa! O coelho entra e sai pela toca na praça, mas ele precisa se ligar ao Robert de alguma forma...
Estavam passando pelo portão de madeira, seguindo um curto caminho de pedras até a porta da casa do caçapo branco. Bill soltou um longo gemido dolorido.
- Brilhante. Então vocês encontraram ou não uma saída? – Natalie interpelou.
- Sim, mas eu achei estranho a rainha não ter mandado os guardas atrás de nós, ou o coelho ter aparecido por aqui – a garota admitiu.
- Eu acho que sei por que os guardas não vieram atrás de vocês – Emily contou enquanto andavam. – A Rainha ficou puta por causa do que eu disse na mesa, então ela mandou os guardas que estavam com ela em minha direção. Como ela pensou que o plano do chá dela era infalível, não se importou em reforçar a segurança.
- É. Faz sentido – Jeanine concordou, atravessando a aconchegante sala e abrindo a porta ao quarto do coelho. – Mas será que nunca imaginariam que o Robert nos contaria sobre o espelho e que viríamos para cá?
- A resposta é simples, minha cara – o gato falou, em cima do guarda-roupa, o que fez com que as jovens se assustassem. – O grifo foi até a rainha e disse que viu vocês correndo na direção da fortaleza das portas. Ela deduziu que pretendiam encontrar uma saída por lá e assim ordenou que seu vasto exército comandado pelo coelho procurasse vocês naquelas bandas.
O felino deu um leve sorriso e saltou para a cama ao lado do guarda-roupa.
- Ela só não teve tempo de avisar o raso exército que levara ao chá, por isso vocês encontraram problemas pela floresta – declarou.
- Tudo aconteceu tão rápido! – Emily disse, de voz ondeada. – Gato, nós vamos voltar analisar tudo o que aconteceu hoje direito, só que agora precisamos ir. Agradeça ao grifo em nosso nome. E somos muito gratos a você também!
- Vão! Vão curar seus ferimentos. Deixamos as respostas para depois... Apenas não se esqueçam que as respostas são muito importantes caso queiram chegar ao fundo disso tudo – o felino disse enquanto ia desaparecendo gradativamente.
Voltaram-se para a cômoda, onde um grande espelho os refletia.
- Vamos logo! – Amy disse, fechando os olhos e tocando seu reflexo.
Ela os abriu. Sem muita demora reparou que estava em frente á biblioteca. O sol surgia lentamente no horizonte, pintando o céu com cores quentes e vivas. Ao olhar para trás, viu os outros fragmentos de Alice olhando para ela, enquanto mancava na direção de um banco para apoiar-se, suspirando.
- Precisamos ligar para o hospital! Agora! – Edgard bradou, segurando o garoto desmaiado e ferido em seus braços enquanto Jeanine olhava fixamente para um orelhão na esquina.



..::Continua::..

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Capítulo XXVIII ♥ ♠ Confronto com a Duquesa ♣ ♦


- Ai meu Senhor, o que é isso? – Natalie gritou entre choro.
- Eu acho que... – Emily começou, aos gaguejos. – Acredito que seja o porco do conto original. Alice encontra ele e acha que é um bebê que a Duquesa carrega, mas logo depois ela percebe que é na verdade um porco...
- Ei, Emily, Natalie, abaixem o tom de voz. – David disse, com a voz fraquejando de medo e susto.
Amy levou as duas mãos á boca e seus olhos arregalaram-se quando ela percebeu que haviam quebrado o silêncio que o gato tanto frisara que fizessem.
Os jovens calaram-se. Era possível, então, ouvir apenas os soluços de Natalie e passos que vinham em sua direção.
Bill começou a apontar a lanterna pela cozinha procurando a origem dos passos. Ele começou iluminando uma pia toda manchada de sangue com pedaços de carne e uma faca ao lado de diversos pratos e copos quebrados.
A respiração dos garotos começou a ofegar de medo.
Ele seguiu com a luz pela extensão da parece até iluminar uma porta, onde uma magra e alta mulher os observava.
Ela continha os cabelos presos e vestia um avental branco – todo manchado com sangue – por cima de seu vestido verde escuro. A estranha segurava algo em sua mão, porém apenas Emily reconheceu ser uma pimenteira. Sua boca começou a abrir, puxando o ar, como se ela retesasse a falar algo, enquanto seus olhos piscavam rapidamente, irritados com a luz.
- MAIS PIMENTA! – gritou, o que vez com que os jovens se assustassem.
- É a cozinheira! Corram! – Amy disse, já a caminho do corredor, sendo levada por Bill.
Natalie e David foram á frente para o corredor, que foi rapidamente atravessado até a sala, onde repentinamente pararam de correr.
- Porque vocês pararam? – Emily gritou, enquanto Bill parava pouco atrás de seus colegas.
A luz da lanterna seguiu pela sala até a escada em espiral, por onde uma mulher, de rosto gordo e enrugado descia.
- Então meu café da manhã chegou? – ela disse com sua enorme boca repleta com dentes pequeninos e afiados.
- Você é a Duquesa? – Amy indagou.
- Eu mesma! – a mulher disse, já ao pé da escada e seguindo na direção dos jovens.
A Duquesa começou a se abanar com um leque que havia em uma de suas mãos, enquanto começou a passar sua estranha e gigantesca língua por seus lábios, deixando-os umedecidos.
- Eu realmente esperava que tivesse que caçar algo para o café e o almoço de amanhã, mas parece que as presas vieram até mim – disse.
Bill deu um longo gemido de dor e caiu no chão, derrubando Emily junto conssigo, atrás dele estava a cozinheira com uma faca ensangüentada em mãos.
- Ai... Ai... Ai... – Bill reclamou, enquanto passou a mão por sua costela direita, onde havia um fundo corte. O garoto começou a chorar ao ver seu sangue escorrendo pelo chão.
Estavam todos boquiabertos com o que acabara de acontecer. Natalie levara as duas mãos á boca em choque, enquanto olhava para o jovem se debatendo em profunda dor.
- Traga a faca até mim! – a Duquesa ordenou.
Sem demora, a outra mulher levou-lhe o objeto.
Emily olhou para Bill, que estava choramingando. Logo em seguida olhou para os outros dois parceiros. Ela fez um sinal para David acenando com a cabeça para ele e logo em seguida na direção do colega ferido. Logo em seguida ela olhou para Natalie e gesticulou levemente com os lábios: “Me levanta e corre ao meu sinal”.
A Duquesa agarrou a faca com sua mão de dedos e unhas anormalmente compridos, e levou o objeto á boca, passando sua língua por toda a extensão metálica para retirar o sangue.
- Hum, muito gostoso! Mas falta algum tempero – disse. – Acho que falta mais pimenta...
A cozinheira foi se aproximando do jovem caído, balançando a pimenteira. Emily esticou o braço até a pequena lanterna caída no chão. Sem demora, a garota ergueu a luz na direção dos olhos da mulher.
- Agora! – gritou.
Rapidamente, David levantou Bill em seu colo, segurando seus ombros com um braço e suas pernas com outro. Natalie correu até Emily e ajudou-a a se levantar, fazendo o mesmo suporte que o garoto fazia a pouco, jogando seu braço por cima dos ombros.
A cozinheira gritou furiosa, esfregando seus olhos com os dedos, enquanto os jovens iam se levantando e fugindo pelo corredor.
- Não os deixe escapar! – a Duquesa berrou, enraivecida.
Rapidamente atravessaram a cozinha e deram com outro corredor, dessa vez curvo, cheio de portas e com diversos quadros estranhos de crianças nuas nas paredes. Os garotos puderam apenas observar as pinturas de relance, pois andavam apressadamente.
Natalie abriu a porta ao fim do corredor com força, adentrando um belo salão cheio de cortinas vermelhas, com grandes janelas, um belíssimo lustre e diversos quadros da mesma natureza dos outros vistos pela casa, além de uma porta para a varanda, que dava para o lado de fora da mansão.
Atravessavam o local com pressa, escorregando pelo piso polido, quando ouviram os passos da cozinheira vindo do corredor.
- Eles estão sujando todo o chão do salão! Você sabe como foi difícil conseguir sangue o suficiente para poli-lo. – ouviram os berros da Duquesa, que ecoavam como trovões pela casa.
Amy apoiou-se na parede enquanto Natalie abria a porta da varanda.
A garota olhou para o chão e notou que o piso realmente era vermelho escuro, o que a deixou mais assustada e afobada a sair de lá.
Logo haviam atravessado a porta da varanda. Avistaram a entrada para a floresta com a ajuda da lanterna e assim corriam com o máximo de velocidade que podiam na direção das árvores. Emily conseguira ainda virar seu rosto a ponto de ver ambas, a Duquesa e a cozinheira, correndo pela grama com dificuldade devido à suas vestes. E ainda avistou o rio, onde teve uma das piores visões de sua vida: diversos corpos estavam jogados em meio às águas. Pelo julgamento da jovem, aqueles pareciam ser corpos infantis, mas ela não teve muito tempo para reparar.
Estavam adentrando a floresta quando Amy viu as duas estranhas mulheres desistirem da perseguição, ofegantes. David também se mostrava cansado por causa do peso de seu colega, que carregava com muito pesar por causa do pé manco que havia pisado na pedra no caminho para a casa da Duquesa.
- Estamos perto da casa do coelho, mantenham o ritimo! – Emily gritou.



♥ ♠ Continua ♣ ♦