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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Capítulo XI ..::Edgard Entra::..

Edgard estava deitado em sua cama, mas não dormia, olhava para o teto, pensando em tudo que estava acontecendo ultimamente.
O garoto ouviu um barulho repentino na porta de seu quarto e se assustou. Ele afastou as cobertas para poder olhar e viu que um coelho branco, de colete e luvas vermelhas, o observava.
- Venha, venha. Você não pode entrar por este lugar! – o coelho falou.
Edgard levantou-se mais que depressa e começou a seguir o coelho. Eles saíram da casa e adentraram as mal iluminadas ruas da cidade, rumo á praça. Ao chegarem lá, o coelho começou a acelerar seus saltos e entrou por uma toca entre as raízes de uma das árvores do local.
O garoto seguiu a criatura, mas ao encarar o buraco, amedrontou-se, pelo que Emily contara sobre os armários quase terem desabado sobre ela.
Mesmo com receio, ele entrou pela toca e logo estava caindo e caindo, assim como sua amiga fizera. Os armários estavam lá, com diversos objetos.
Edgard já caia há mais de minutos e já começava a se cansar daquilo quando de repente, impactou em um amontoado de folhas secas.
Assim que se sentiu firme ele logo saiu do caminho, pois sabia que aconteceria o mesmo que ocorreu com Amy. Não estava errado. Após um grande estrondo, o chão estava repleto de toras de madeira, vidro e geléia.
Estava muito escuro, portanto Edgard nada conseguia enxergar além de um brilhante sorriso logo á frente.
- Gato? – ele disse com receio.
- Sim. Sou eu mesmo! – o sorriso respondeu. – Não esperava que você fosse entrar Edgard.
Dois olhos começaram a brilhar em cima do sorriso enquanto o garoto se aproximou.
- Você já sabe como está esse país, mas assim como nós, não sabe o porquê ou como. Vou te contar algo e quero que avise suas amigas. A lagarta sabe de alguma coisa que nós não sabemos, pois seus cogumelos estão por toda parte no país das maravilhas, e uma vez conhecendo a língua dos fungos, ela sabe de tudo o que acontece por aqui – o gato disse, aos sussurros. – Mas antes de irem vê-la, recomendo que lhe comprem algum presente, e que vão armados, pois ela está tão corrompida quanto qualquer um no país das maravilhas.
- Como posso saber a quem confiar e a quem não confiar? – o garoto questionou.
- A solução ao que procura é simples: Não confie em ninguém. São poucos os que ainda não foram corrompidos e estes, podem ficar como todo o resto a qualquer instante – a criatura explicou. – Já está na hora de ir, jovem. E antes que eu esqueça de avisar, vocês logo serão todos chamados involuntariamente.
- Para o chá?
- Sim.
O sorriso e os olhos começaram a desaparecer quando Ed. gritou repentinamente:
- Espere! Alice é real?
- Quando você souber responder isso, provavelmente saberá o que acontece com este país.
Edgard sentiu sua mão pesar. Quando percebeu, era o espelho que causara aquela sensação de peso, e assim ele foi apalpando o objeto até que tocasse seu reflexo.
Estava desacordado no chão da praça. Rapidamente ele se levantou e começou a correr de volta á sua casa, e após um bom tempo estava lá. Não se deitou, sentou em frente ao computador e logo digitou tudo o que o gato dissera, palavra por palavra, com receio de esquecer algo no dia seguinte.
Assim que acabou, foi para a cama com os pensamentos a mil. Jeanine apareceu em sua porta, sonolenta, bocejante e esfregando um dos olhos.
- Ed.? O que aconteceu? – ela perguntou.
- Eu entrei oficialmente – ele disse.
A garota acordou como se tivesse lavado o rosto com água fria. Ele lhe contou tudo o que vira e mostrou sua conversa com o gato, deixando-a pensativa.
- Ok. O que há de errado? – Edgard perguntou. – Conheço esse olhar.
- Estou pensando em quantas outras pessoas por aí não tem a íris vermelha. Qual a conexão entre a gente?
- Acredito que podemos descobrir isso com a lagarta – o garoto disse olhando para a tela do computador.







..::Continua::..

domingo, 20 de setembro de 2009

Capítulo X ..::O Mapa::..


Carol fora para sua casa, acompanhada por Edgard, buscar seu espelho que segundo ela, estava bem guardado.
Assim como Emily, Jeanine carregou o objeto consigo, portanto já estava com ele, aguardando junto á amiga.
Após uma longa caminhada de dez quadras, chegaram á casa de Caroline, que sem demora abriu o portão e correu buscar seu espelho enquanto o garoto ficou esperando do lado de fora. Assim que ela saiu, voltaram o mais depressa possível.
A mãe de Emily estranhou toda aquela movimentação na casa, mas quando perguntou o que estava acontecendo, ouviu a mesma resposta de vezes anteriores: Que era um trabalho escolar.
Logo que o casal chegou, foram todos para o quarto. Estava tudo preparado.
- Ed., nós vamos entrar, fique aqui fora vigiando! – Jeanine disse.
- Mas eu também tenho olhos vermelhos! Porque não posso ir? – ele questionou.
- Porque você ainda não ganhou seu espelho. Vamos! – Emily falou.
Sem perder tempo, as garotas tocaram seus reflexos. Para Edgard que ficou observando, caíram no sono, despencando no tapete do quarto. Para elas, uma enorme ventania começou, as impedindo de enxergar ao redor. Pouco depois, Emily abriu os olhos e viu que estavam nas montanhas onde ficava a casa do grifo e exclamou:
- Sim! Sim! Os locais não são aleatórios! Eles têm alguma ordem!
- Vamos conversar com o grifo, se isso for verdade, devemos pedir um mapa do país das maravilhas! – Jeanine gritou, em meio aos barulhentos ventos.
- Ali! A caverna que vocês me falaram! – Carol apontou.
Todas correram lá para dentro e foram logo descendo as escadarias. Os mesmos quadros continuavam nas paredes, e lá embaixo, elas rapidamente reconheceram o grifo disfarçado em pedra.
- Senhor grifo, senhor grifo? – Emily chamou.
A criatura levantou cabeça lenta e preguiçosamente. Seus olhinhos piscaram várias vezes, tentando reconhecer quem o estava chamando, e assim que notou que eram suas amigas de outrora, o grifo disse:
- Olá! Vocês voltaram! O plano funcionou?
- Sim, funcionou. Muito obrigada – Jeanine agradeceu. – Senhor grifo, precisamos lhe pedir algo.
- Ficarei feliz em ajuda-las – ele falou.
- Será que você não poderia nos dar um mapa do país das maravilhas? – Emily pediu.
- Sim, posso lhes desenhar um mapa na areia. Vejam, aqui fica o castelo da Rainha de Copas. Aqui o castelo da Rainha Branca, e aqui o campo de batalha. Também tem a fortaleza das portas e a casa do coelho, a casa da duquesa – ia dizendo enquanto rabiscava o chão com sua garra. Ficou mais um tempo murmurando e desenhando. – Aqui! Está pronto! – disse, enfim.
As três olharam para o chão e viram o enorme mapa que o grifo havia montado na areia.
- Como vamos nos lembrar de tudo isso? – Jeanine se perguntou.
- Vocês já reparam nos quadros que estão entre as heras? – a criatura perguntou.
- Sim – as garotas responderam quase em couro.
- O ultimo quadro, perto da saída de onde vieram, estará com esse mesmo desenho – o grifo explicou. – Peguem-no, é seus.
- Muito obrigada, senhor Grifo! – Jeanine agradeceu.
- Valeu – Carol disse.
Subiram as escadarias novamente. Observando á todos os quadros com figuras de relógios. O último deles continha o mapa do país das maravilhas.
- Segure para mim – Emily disse, entregando seu espelho para Jeanine e se aproximando da parede.
Com as mãos, a garota afastou a hera ao redor da pintura e retirou o desenho logo em seguida. Enrolou-o e colocou debaixo do braço.
- Vamos embora – enfim disse, recebendo o espelho de volta.
Já com o objeto em mãos, as jovens tocaram seus reflexos, acordando no quarto de Amy.
Edgard estava sentado na cama, ao vê-las acordando, logo se levantou e foi ajudá-las a levantar do chão.
- Como foi lá? – perguntou, estendendo a mão para Carol.
- Foi tudo bem. Como desconfiávamos, os tele-transportes não são aleatórios – Emily disse.
A garota ainda estava com o papel enrolado debaixo do braço. Ela o pegou e estendeu no chão.
- O que é isso? – ele perguntou.
- É um mapa do país das maravilhas que o grifo desenhou para a gente – Jeanine explicou.
- E vejam: As distâncias entre os locais que ele desenhou parecem ser a mesma distância dos locais em que tocamos os espelhos pela cidade – Caroline observou.
Jeanine abriu a boca, surpresa e falou:
- É verdade! Você tem um mapa da cidade aqui Emily? Mais ou menos do tamanho desse que o grifo fez?
- Eu tenho um que comprei para um trabalho de escola – Amy disse, apontando para cima de seu guarda-roupa com o dedo indicador. – Pega pra gente Ed.
O garoto, sem muito esforço, esticou seu braço e agarrou o mapa, que era um pouco maior que o que o grifo desenhara.
- É um pouco maior, mas acho que dá para visualizar os locais mais ou menos, mas como vamos fazer para ver os dois ao mesmo tempo? – Caroline questionou, mais a si que aos outros três no quarto.
- Colocando contra a luz – Emily disse abrindo as cortinas de seu quarto e pegando uma fita adesiva de sua gaveta.
Os jovens colaram os mapas um em cima do outro contra a janela, e assim puderam ver onde ficava cada local da cidade em relação ao país das maravilhas.
- Ali está! A mesa do chapeleiro maluco – Amy falou. – Se for para haver alguma festa de chá, com certeza será ali!




..::Continua::..

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Capítulo IX ..::Caroline::..


Emily não conseguia prestar atenção na aula. A garota não tirava os olhos da mochila, onde o espelho estava guardado, pois estava com medo que algo como o que aconteceu com Edgard pudesse ocorrer novamente.
Ela continuou na sala de aula mesmo após o sinal para o intervalo ter soado. Após mais algum tempo sozinha lá, Emily resolveu ir até a cantina comprar um refrigerante. Agarrou a mochila com o espelho e saiu da sala, cortando os corredores da escola apressada.
Estava andando até a escadaria, mas parou. Suas pernas voltaram a tremer e um enorme frio lhe subira a espinha. Encarava uma garota que estava parada ao pé da escada.
Os olhos também eram avermelhados.
- Quem é você? – Emily gaguejou.
- Carol. E quem é você?
- Emily.
- Você entrou, não entrou? – Caroline questionou.
- Sim. Você também.

Jeanine esperava por Emily no quarto da garota. Ela havia lhe ligado durante o intervalo das aulas pedindo para que fosse á sua casa assim que a escola já tivesse terminado.
Mais alguns minutos de espera e ouviu o portão abrir-se, seguido do som das dobradiças da porta.
- Jeanine?
- Estou aqui no quarto – a garota gritou.
Emily entrou no quarto, seguida por Edgard e uma jovem cuja presença naquele lugar, assustou Jeanine.
- Quem?
- Jê, essa é Caroline. Caroline, essa é a Jeanine – Amy apresentou.
Ambas encaram-se nos olhos avermelhados.
- Caroline?
- Pode me chamar de Carol – ela falou.
Edgard sentou-se na cama.
- Vamos todos para a sala de jantar fazer uma reunião, e como você já está metido nessa Ed, você vem junto – Emily disse.
- Justo agora que eu sentei na cama – o garoto reclamou, levantando-se e andando para fora do quarto.
A sala de jantar era o maior cômodo da casa de Amy. Ela possua azulejos brancos nas paredes e no chão, e em seu centro havia uma mesa de madeira avermelhada cheia de entalhes. Cada um dos jovens sentou em uma das cadeiras.
- Carol, como foi que você entrou lá? – Jeanine perguntou.
- Eu entrei durante á noite. Me deitei mais ou menos umas dez horas e acordei no meio da noite. Em meu quarto tem um espelho gigante, e quando eu levantei, fui beber água e na hora que voltei pro quarto, eu vi alguma coisa no espelho. Ascendi a luz e quase desmaiei de susto, mas o coelho branco estava lá – contou. – Na hora que me aproximei, o espelho caiu em cima de mim, e quando vi, estava no meio da floresta de fungos. Conversei com o gato, ele me deu o espelho e saí.
- Floresta de fungos? – Edgard questionou.
Caroline olhou para ele e disse, séria:
- Você precisa ler o livro de Alice!
O garoto fez uma careta de preguiça.
- Não entrou mais depois disso? – Emily perguntou.
- Não. Vocês entraram?
- Sim, mais uma vez para salvar o Ed. Ele viu o espelho e entrou de curioso – Jeanine falou.
As garotas contaram toda a história do que aconteceu com ambas, e ainda falaram sobre a pesquisa de Alice Liddell e dos sonhos. Carol ouvia tudo com muita atenção e hora ou outra olhava para Edgard e franzia as sobrancelhas até que Amy não se conteve em perguntar:
- O que você vê de tão estranho em Edgard?
- Os olhos dele. Quando entrei aqui eram pretos, e agora parece que estão cada vez mais castanhos – Carol comentou.
As duas garotas olharam assustadas para ele. Seus olhos estavam ficando vermelhos, assim como os delas.
- Edgard! Você vai ganhar um espelho! – Jeanine exclamou.
Ele se levantou e correu para o banheiro para conferir se era verdade. Olhou ao próprio reflexo no espelho e saiu logo em seguida.
- É verdade! Acho que vou ser chamado! Se for verdade a rainha nunca saberá que eu era o intruso, porque vou estar com a marca! – disse, sentando-se novamente.
- Gente, só fiquei com uma dúvida agora que ouvi a história de vocês – Caroline começou. – Cada vez que alguém entra, aparece em algum lugar diferente, mas porque isso acontece. Será que é aleatório?
Os jovens se entreolharam.
- Talvez tenhamos que testar entrar de algum ambiente em que já entramos para saber – Emily disse. – E meu quarto fica logo ali.




..::Continua::..

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Capítulo VIII ..::A marca::..


Jeanine não conseguia ficar parada. Caminhava de um lado a outro do quarto de Emily e vezes olhava aos espelhos em cima da cama.
- Fique calma, Jeanine, ele vai ficar bem. O gato e o grifo vão dar um jeito de salvá-lo.
Quando saíram das montanhas, as garotas e a ave voaram até a floresta e lá, chamaram o gato do sorriso, que sugeriu á elas que fossem embora e se acalmassem. Ele também pediu para que a Jeanine deixasse seu espelho com ele e usasse o espelho da amiga para voltar.
De repente o telefone toca, ecoando por toda a casa. Emily corre para a sala e o atende.
- Alô?
- Emily! Emily! – ouviu a voz de Edgard e confortou-se.
- Jeanine! É o Edgard! É o Edgard, ele está bem! – a garota gritou, o que fez com que a outra se acalmasse.
- Emily... Estou indo em sua casa! Fique atenta aí porque já já eu chego.
- Mas já é mais que meia-noite! Minha mãe vai estranhar!
- Não importa! Tenho que fazer algumas perguntas e contar para vocês o que sonhei! – ele disse, afobado.
- Então venha rápido! – Emily falou antes de desligar.
Assim que colocou o telefone de volta ao gancho, a garota viu que Jeanine estava chorando deitada em sua cama.
- Jeanine, seu irmão está bem... Ele está vindo para cá.
- É – a garota sorriu. – Nossa, que alívio! O gato e o grifo conseguiram!
Em menos de vinte minutos, Edgard chamava pela jovem portão da casa. Sem demora, a garota foi atendê-lo, fazendo o máximo de esforço para que não acordasse seus pais, que para sua sorte, tinham sono pesado.
Assim que ela abriu o portão para que o garoto entrasse, Jeanine correu a seu encontro para abraçá-lo, com lágrimas nos olhos. Permaneceram abraçados por mais alguns segundos e depois, entraram todos, rumo ao quarto de Emily.
- Então vocês sabem onde o espelho leva – ele disse, observando o estado de sua irmã.
- Sim. Onde você foi parar? – Emily questionou.
- Eu fui parar em um castelo. De repente ouvi um barulho e me escondi atrás de um pilar, e então uma rainha toda vestida de vermelho apareceu – as garotas se entreolharam sérias –, depois disso, um tal de grifo começou a conversar com ela. Os dois falavam de mim. Eles falaram que um intruso havia entrado no país das maravilhas e depois disso comentaram algo sobre uma marca.
- Marca? Que marca? – Jeanine perguntou, olhando desconfiada para Emily.
- Não sei. Sei que eles sabiam que eu era um intruso porque eu não estava marcado. E a rainha também falou de um chá. Depois disso o gato apareceu e me ajudou a escapar.
- A marca não pode ser o espelho – Emily disse á Jeanine –, porque o gato não parece estar do lado da rainha, então não ajudaria ela entregando os espelhos.
- O que temos em comum? – a outra garota disse, pensativa.
- Ei! Que lugar é aquele? O que aconteceu? – Edgard perguntou.
- Aquele é o País das Maravilhas. Segundo o que ficamos sabendo, alguma coisa ou alguém deixou o país corrompido, e nós temos alguma ligação á isso. E agora você disse que temos alguma marca que nos diferencia das pessoas que não podem entrar no país das maravilhas – Emily explicou.
- Acho que já sei o que é – ele disse. – Olhem para a íris de vocês. Já faz um tempinho que venho observando isso.
- O que tem nossa íris? – Jeanine falou, preocupada.
- Elas são... Vermelhas. Primeiro eu achei que eu estava vendo errado, pensei que fosse castanho. Mas agora acho que é isso que diferencia vocês.
Ambas foram até o banheiro e começaram a observar a íris de seus olhos no espelho.
- Sim, realmente são vermelhas. Mas será que isso é de agora ou já nascemos assim? Porque em documentos e formulários eu sempre coloquei que eram castanhos – Emily disse.
- Realmente, é muito estranho.
Voltaram ao quarto. Onde o garoto estava sentado na cama, ao lado dos espelhos.
- Agora só nos resta saber uma coisa – Emily comentou. – O que é esse chá?

domingo, 6 de setembro de 2009

Capítulo VII ..::O que Edgard viu lá::..


Ao tocar o espelho das garotas, Edgard sentiu uma enorme ventania em seu rosto, o que o fez fechar os olhos até que aquilo passasse. Quando os abriu novamente, estava dentro de um salão todo feito de mármore branco com entalhes em prata nas colunas e nas paredes. Era todo decorado com belíssimos tecidos vermelhos.
Os pisos no chão intercalavam-se entre vermelho e branco, e cada piso de cor rubra continha um desenho em preto dos naipes escuros do baralho, enquanto cada piso claro continha desenhos dos naipes vermelhos.
Ele escutou um barulho, e quase que automaticamente, escondeu-se atrás de uma das colunas.
Um coelho branco, de jaqueta e luvas rubras entrou por uma enorme porta de madeira, sendo seguido por duas fileiras de cartas de baralhos. Ele parou de andar, colocando-se ao lado de um trono e retirando da jaqueta uma espécie de corneta.
Quando todas as cartas pararam de andar, formando um corredor em volta de um tapete vermelho que se estendia até o trono, o coelho soprou o instrumento três vezes e depois gritou:
- Sua majestade... A rainha de Copas!
Assim, uma mulher de vestes vermelhas cheias de detalhes em preto e branco, entrou na sala, cortando o corredor de baralhos. Pelo que Edgard pôde medir á olho, ela devia ter mais ou menos uns dois metros de altura, e seu vestido arrastava-se pelo chão, assim como seu véu rubro. Em uma das mãos ela carregava um cetro com uma flor feita de diamantes, enquanto a outra a ajudava a caminhar, segurando o pesado tecido de seu vestido.
Ao sentar-se no trono, todas as cartas saíram, e o rei entrou. Ele continha roupas também pesadas e com as mesmas decorações que as da rainha, e ainda possuía uma enorme coroa em sua cabeça.
Edgard estava com medo de sair detrás da coluna. Suas pernas estavam bambas e ele não sabia o que estava acontecendo ou como fora parar naquele lugar estranho.
- O chá já está pronto? – a rainha perguntou secamente ao coelho.
- Ainda não. Estou recolhendo os convidados – o coelho gaguejou.
- Então o que ainda está fazendo aqui? Quer perder sua cabeça por algum acaso?
- Não! Não senhora! – o coelho disse, já correndo para a porta.
A sós com o rei, a rainha disse:
- Eu sei que o gato está ajudando eles! Talvez tenhamos que fazer uma caça ao gato.
- Tudo que quiser, minha rainha – o rei disse, serenamente.
Após algum tempo de silêncio, a rainha começou a fungar algo, levantando seu nariz e puxando o ar com mais força.
- Você está sentido algum cheiro estranho nesta sala?
Nesse momento, o coração de Edgard, que já estava acelerado, acelerou mais, e sua barriga ficou fria. Ele voltou a se esconder sem se importar mais em espiar.
A rainha levantou-se e o garoto ouviu seus pesados passos e suas fungadas vindo em sua direção.
Edgard sentia o suor escorrer por sua face, o medo o tomara por completo, pois aquela rainha não parecia estar para brincadeiras.
De repente a porta se abriu, e ele escutou um farfalhar de asas e ela parou de andar, dizendo:
- Grifo? O que você faz aqui?
- Estou aqui para lhe avisar que um intruso entrou no país das maravilhas.
Os olhos de Edgard se arregalaram e ele ouviu os passos da rainha de volta ao trono.
- O que você viu, grifo? – ela questionou.
O “grifo” começou a se aproximar.
- O vi das montanhas. Ele não estava marcado, como o resto.
- Sua visão é tão boa assim que de cima das montanhas conseguiu ver se ele tinha ou não a marca? – a rainha estranhou.
- Como vossa majestade sabe, sou exímio caçador.
- Sim – ela concordou.
O garoto cerrou os olhos pra enxergar melhor. Edgard estava com tanto medo que não sabia se o sorriso que via flutuando era real ou era apenas resultado de seu pavor, até que o mesmo transformou-se em um gato de pêlos coloridos.
- O que? – o garoto cochichou a si.
A rainha estava distraída conversando com o grifo, então ela provavelmente não escutava o que o gato e Edgard conversavam entre si.
- Parece que você não sabe quem sou – o gato sorridente disse, o que fez o garoto pular de susto. – Para de se tremer e me escute: Você está em grande perigo! Sua irmã lhe mandou algo. É melhor que o use logo para sair daqui, senão você poderá perder a sua cabeça!
Dizendo isso, a pelugem do gato começou a desaparecer e seu sorriso flutuante se transformou em um espelho igual ao que Jeanine e Emily carregavam.




..::Continua::..

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Capítulo VI ..::O Resgate de Edgard::..



- Meu Deus... O que vamos fazer? – Jeanine perguntou aos berros.
- Calma! – a outra garota respondeu. – Vamos logo para minha casa! Apresse sua mãe enquanto eu ligo para minha avisar que você vai lá! Rápido.
Edgard estava em sono profundo, caído no chão da sala.
Emily podia ouvir a amiga conversando quando a mãe atendeu suas chamadas do outro lado da linha.
- Mãe?
- Oi, fala filha – a jovem foi respondida prontamente.
- Uma amiga minha precisa dormir hoje em casa. É coisa de escola – disse tão rapidamente que quase atropelava as palavras.
- Qual amiga?
- Jeanine.
- Nossa. Nunca tinha ouvido falar nessa amiga sua – a mãe se espantou.
- É. Na verdade ela é a irmã de um colega meu de escola, só que a gente vai precisar da ajuda dela pra fazer um trabalho.
- Tudo bem por mim, querida.
Nesse momento, Jeanine e sua mãe, cortaram a sala rapidamente em direção á garagem. No caminho, a garota parou porto ao sofá para pegar sua mochila e ambos os espelhos.
- Já estamos indo. Tchau – desligou.
Apressadamente, chegaram à casa de Emily e sem perder tempo, as duas foram logo ao quarto.
- Está pronta? – a garota perguntou
- Não. Mas é uma emergência. Não sei o que pode acontecer a meu irmão!
- Três. Dois. Um.
Ao mesmo tempo, tocaram seus espelhos.
Jeanine fechou os olhos, de repente começou a sentir uma enorme ventania. Quando os abriu, espantou-se.
- Onde estamos? – gritou.
Emily, que estava ao seu lado, respondeu:
- Parece que estamos em cima de uma montanha!
- O que vamos fazer?
Ambas começaram a olhas ao seu redor, para analisar o ambiente que estavam. Era uma montanha rochosa em cujas paredes crescia uma planta desconhecida, de flores cor de lilás.
- Olhe! Uma caverna! – Emily gritou, apontando com o dedo indicador.
- Vamos para lá!
Elas começaram a andar com receio. Estavam com medo de cair, pois a montanha era muito alta. Logo alcançaram o local e, nele, não estava ventando.
A entrada era arredondada e havia uma espécie de escada em espiral feita de pedras que descia caverna abaixo.
- Vamos descer? – Jeanine perguntou.
- Vamos... Quem sabe não há uma saída – Emily respondeu.
As garotas começaram a descer. Após descerem diversos degraus, as plantas que cresciam nas paredes passaram a formar uma espécie de moldura com pinturas muito estranhas de relógios de bolso antigos multicoloridos.
A escadaria acabou, e elas estavam novamente em uma sala circular, onde no centro havia uma enorme pedra cinzenta. Olharam para cima e viram o céu com nuvens avermelhadas.
- Não há saída! – Emily disse. – Apenas pelo teto!
- O que vamos fazer? – Jeanine disse, aos choros.
Ela se recostou a pedra, que começou a se mexer, fazendo ambas pularem de susto.
- O que é isso? – gritaram quase ao mesmo tempo.
- Eu sou um grifo! – ouviram.
O que as garotas pensavam ser uma pedra era um animal. Seu rosto e suas patas da frente pertenciam á uma águia, porém suas patas traseiras e seu rabo eram de leão, o que as espantou, além do fato da criatura saber falar.
- Grifo? Acho que me lembro – Emily falou pensativa. – Senhor grifo, precisamos de ajuda! O irmão dela entrou no país das maravilhas.
- Isso é normal – a criatura respondeu -, desde que ele seja um convidado para o chá da rainha.
- Convidado para chá? Que chá? – a outra garota questionou.
- Vou mudar meu modo de dizer, então. Isso é normal, desde que ele tenha um espelho.
- Oh céus! Ele não tem! – Jeanine gritou.
O grifo pareceu se agitar, levantando-se num salto.
- Então temos que encontrar ele! Antes que a rainha o faça!
- Se a rainha o encontrar o que vai acontecer? – Emily perguntou.
- Ela cortará a cabeça dele! Vamos, montem em cima de mim, rápido!



..::Continua::..